Irã ameaça cortar comércio com o Brasil
O governo do Irã ameaçou interromper importações do Brasil caso a Petrobras não resolva o impasse envolvendo dois cargueiros iranianos no porto de Paranaguá.
As informações são da agência Bloomberg.
Desde o início de junho, os dois navios aguardam o fornecimento de combustível para retornar ao Irã com uma carga de milho brasileiro. A Petrobras, entretanto, se nega a realizar o serviço, argumentando que ficaria vulnerável às sanções do governo Trump.
Desde abril deste ano, o governo norte-americano impõe multas e outras punições severas a empresas que façam negócios com companhias do Irã.
Em resposta, o embaixador iraniano em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, afirmou que o país poderia muito bem adquirir milho de outra parte do mundo, caso a Petrobras continue a negar o abastecimento de seus navios.
"Eu disse aos brasileiros que eles devem resolver o problema, não nós", disse o embaixador Saghaeyan. "Se isso não for solucionado, talvez as autoridades em Teerã queiram tomar outra decisão. Afinal, estamos em um mercado livre e outros países estão disponíveis..."
As exportações do Brasil ao Irã somam cerca de dois bilhões de dólares ao ano - principalmente produtos como cereais, carne e açúcar. O Irã é responsável por um terço de todas as exportações de milho do Brasil - um aumento de 30% de 2017 para 2018.
O embaixador iraniano solicitou uma reunião com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, mas ainda não obteve uma resposta.
A aproximação entre os governos de Donald Trump e Bolsonaro, entretanto, deve impedir uma solução rápida ao impasse. No domingo (21/VII), Jair Messias afirmou que, em relação às sanções contra o Irã, o Brasil está alinhado à posição norte-americana.
"Países grandes e independentes como o Brasil e o Irã devem trabalhar juntos, sem interferência de outros países", disse o embaixador Saghaeyan.
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