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Já ouviu falar em calote, amigo navegante?

E em corrida bancária?
publicado 31/08/2017
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De Celso Ming, conceituado analista do Estadão, com o sugestivo título "Água morro abaixo":

Outra vez, o rombo. Com a diferença de que está cada vez maior, sem perspectiva de encolher – apesar das promessas em contrário do governo.

O Banco Central divulgou nesta quarta-feira o resultado das contas públicas de julho, com o maior déficit mensal de todos os tempos: R$ 16,1 bilhões, que empurrou o buraco fiscal acumulado nos sete primeiros meses do ano para R$ 51,3 bilhões (1,38% do PIB) e o registrado em 12 meses, para R$ 170,5 bilhões (2,66% do PIB). Lembrem-se todos que o déficit programado para todo este ano é de R$ 159 bilhões (2,5% do PIB).

Esta é uma rosca sem fim.

(...)

A dívida bruta do governo geral (que leva em consideração as dívidas do governo federal, do INSS e dos governos estaduais e municipais) alcançou em julho os 73,8% do PIB. Estava a 69,9% do PIB em dezembro. Ou seja, cresceu 3,9 pontos porcentuais do PIB em apenas sete meses. Por enquanto, a aceleração do passivo brasileiro não produziu turbulências no mercado. Mas, se não houver redução dessa velocidade e alguma perspectiva de reversão a ser garantida por um ajuste radical e confiável, dia virá em que as agências de análise de risco voltarão a rebaixar a qualidade dos títulos do Tesouro, a credibilidade pode esfumar-se em dois tempos e o aplicador de recursos poderá voltar a cobrar mais juros para continuar rolando a dívida pública. E, como água morro abaixo, o controle ficará mais difícil.

Do mesmo Estadão: "contas públicas têm o pior resultado em 16 anos - déficit de R$ 16 bilhões em julho foi o maior para o mês desde 2001."



Do artigo de Delfim Netto, no PiG cheiroso, em 29/VIII:

"É muito dificil fazer previsões, mas para estabilizar nossa dívida em 85% do PIB, com o PIB crescendo a 3% ao ano, precisaremos ainda, de superávits primários da ordem de 2,5%. Temos que reduzí-la judiciosamente para que possamos voltar, no futuro a usar a política fiscal... Isso exige medidas RADICAIS (ênfase minha - PHA) como foi o caso de Collor em 1990, e de Itamar em 1994, na preparação do Plano Real, e parece ser o Plano Temer de desestaização".

Na Carta Capital, na reportagem excelente de Carlos Drummond "Até o fim dos estoques":

Segundo anunciou no seu perfil na rede LinkedIn o banqueiro Luiz Cesar Fernandes, sócio da GRT Partners e criador dos bancos Garantia e Pactual, 'o crescimento da dívida pública interna atingirá 100% do PIB do Brasil já na posse do próximo Governo. A situação será insustentável, gerando uma completa ingovernabilidade. Para evitarem uma CORRIDA BANCÁRIA (ênfase minha - PHA) as grandes instituições bancárias terão, obrigatoriamente, de impedir seus clientes de efetuar os saques de suas poupanças à vista ou à prazo."

De José Dirceu, no Conversa Afiada: "com essa dívida que está aí não se governa".