JB: venda da Braskem cria oligopólio estrangeiro
(Crédito: Vitor Teixeira)
O Conversa Afiada reproduz análise afiada do Vice-Presidente Editorial do JB, Gilberto Menezes Côrtes:
Venda da Braskem cria oligopólio estrangeiro
Mais valiosa joia do outrora opulento tesouro da Odebrecht, a Braskem, oligopólio que opera 29 unidades fabris e responde por 70% do petroquímico brasileiro, informou ontem que a holding Odebrecht S.A. iniciou negociações com a gigante da petroquímica, LyondellBasell, com sede em Roterdã (Holanda) para vender 50,1% das ações ordinárias da empresa. A Petrobras tem 47% das ações ON e 2,9% das ações ON são de outros acionistas.
Após o anúncio, as ações PN da Braskem chegaram a superar os R$ 50, com salto de mais de 20% na abertura da B3 frente ao fechamento de quinta-feira, quando encerraram a R$ 41,12. No balanço do primeiro trimestre, a Braskem era avaliada em R$ 14 bilhões. Ao fechar ontem em R$ 49,92, já valeria mais de R$ 36 bilhões. Desde maio suas ações PN são alvo de especulação com o rumor do interesse da gigante holandesa pelas ONs. Pelo Acordo de Acionistas, de fevereiro de 2010, a Petrobras tem preferência na negociação, mas a opção da estatal, que tem 36,15%do capital total, é se livrar das ações ON e PN em venda conjunta à Liondell. A Lei das S.A. garante 80% do valor às ações PNs.
Operando em 100 países, com cerca de 13.400 empregados, a LyondellBasell, com sede em Roterdã, tem forte presença nos Estados Unidos, com filial em Houston, capital do petróleo e da petroquímica no Texas. A Braskem que inaugurou filial no México em 2016, em parceria com a mexicana Idesa, tem seis unidades nos EUA e era a 7ª empresa do ranking, atrás da Lyondell. Com a compra, a Lyondell será a líder mundial em resinas de polietileno (PVC) e polipropileno (matéria prima do filme plástico de embalagem), desbancando a Exxon.
Ascensão e queda
A baiana Odebrecht já era um gigante da construção pesada, quando adquiriu, em 1979, no fim do Governo Geisel, 33% da Companhia Petroquímica de Camaçari, maior empresa do pólo petroquímico da Bahia. Até 1992, quando entrou no Copesul, o Polo Petroquímico do Sul, fez escalada de privatizações (governo Collor) e compras que a tornaram a controladora da petroquímica nacional. Novo impulso veio da parceria com a Petrobras na petroquímica de Paulínea (SP), em 2006, garantindo a oferta de nafta (principal matéria prima petroquímica). O poder cresceu na era Lula ao comprar, com a estatal e o grupo Ultra, a Ipiranga, que controlava o Copesul. Com a compra da Quattor (Grupo Unipar, em 2010) controla os três polos do país. Leva a Dow Quimica, em 2011 (governo Dilma). Com a presença nos EUA e México negociava preços da nafta em condições favoráveis com a Petrobras, importando quando o preço externo era menor. O grupo Odebrecht entrou em crise com as confissões de fraudes à Lava-Jato e a Braskem foi dada em garantia de empréstimos. Com a simultânea concentração de estrangeiros, o monopólio da nafta pela Petrobras enfrentará o poder de oligopólio multinacional.