No Globo: o ajuste fracassou!
No Globo Overseas, artigo de José Paulo Kupfer, respeitado jornalista da área de Economia, que dá de 10 a 0 na Cegonhóloga:
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Continua ... provável que o governo, mais cedo ou mais tarde, proponha uma revisão da meta fiscal deste ano — e também a do ano eleitoral de 2018. A decisão tem forte significado político, traduzido por uma sensação de que a política econômica em execução nos últimos 15 meses, antagônica à adotada no governo de Dilma Rousseff, se revela quase tão ineficaz quanto a sua oposta. Até porque já correu tempo suficiente para que não seja mais possível culpar unicamente (esporte preferido da Cegonhóloga - PHA) o fardo da desastrada “nova matriz econômica” pelo que agora não está dando certo.
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Algumas coisas, nessa mistura toda, vão aos poucos ficando mais claras. Uma delas está mostrando que o arcabouço teórico a partir da qual a política econômica do governo Temer foi desenhada (pela Cegonhóloga, a melhor cabeça que o tal do neolibelismo conseguiu produzir - PHA) como em outros lugares em que foi aplicada, não está fazendo o motor funcionar como previsto — ele está rateando (o rombo foi arrombado - PHA). A ideia embutida na teoria da “contração expansionista”, importada dos países afetados pelo crash de 2008, já estava ficando fora de uso por lá quando aqui chegou. Supunha que, com reformas liberalizantes e ajuste fiscal à base de cortes nos gastos públicos, a confiança dos agentes econômicos seria recuperada, a partir daí haveria a retomada dos investimentos privados teria lugar, completando-se o circuito virtuoso com o relançamento da economia e a volta do emprego.
Porém, num ambiente de profunda e prolongada recessão, com elevadíssima capacidade ociosa e, mais do que isso, endividamento estratosférico de famílias e empresas, a receita vem falhando. Quase um ano e meio depois, ainda mais sem o impulso do investimento público, em fortíssima retração, as inversões privadas mal chegam a repor um mínimo da depreciação das máquinas e equipamentos quase paradas. O resultado é que, desde o último trimestre do ano passado, a esperança de retomada da atividade, no vaivém dos números mensais, tem sido anunciada e adiada a cada período para o próximo.