Noruegueses encontram mais petróleo na Bacia de Santos
A Equinor, que lidera a operação de um importante bloco do pré-sal na Bacia de Santos, é uma empresa norueguesa.
Ela se chamava Statoil e é, claro, uma empresa estatal.
A própria companhia divulga que pretende investir cerca de US$ 15 bilhões no setor brasileiro de energia até 2030.
Eldar Saetre, presidente global da Equinor, diz que, fora da Noruega, o Brasil será o principal mercado para a empresa.
Porque, segundo ele, "o Brasil precisa de investimentos para desenvolver o setor de óleo e gás. E as condições do mercado são importantes para que isso ocorra. Algumas delas mudaram nos últimos anos. Por exemplo, o fato de hoje haver a opção de outras empresas operarem em campos da camada chamada de pré-sal, não apenas a Petrobras, como ocorria anteriormente".
Em junho deste ano, a Equinor vendeu 36,5% de sua participação na BM-S-8 (o bloco no pré-sal da Bacia de Santos citado acima) para a ExxonMobil, dos EUA.
(Mas, ela se mantém com idênticos 36,5% de participação).
Agora, o site Brasil Energia Petróleo informa que esse consórcio com forte controle norueguês e norte-americano fez uma grande descoberta no bloco:
A Equinor fez uma nova descoberta no bloco BM-S-8, no pré-sal da Bacia de Santos. De acordo com a notificação feita à ANP no último dia 13, foi encontrado petróleo no poço 1-STAT-10A-SPS, em lâmina d'água de 1.990 m.
Conduzida pela sonda West Saturn, da Seadrill, a perfuração do 1-STAT-10A-SPS ou "Guanxuma A",conforme a nomenclatura utilizada pela petroleira norueguesa, foi iniciada em 29 de abril deste ano.
"Os resultados preliminares são encorajadores. Mais análises de informações do poço serão necessárias para estimar volumes e potencial comercial", declarou a Equinor, a pedido da Brasil Energia Petróleo.
Esse é o quinto registro de índicios de hidrocarbonetos no BM-S-8 informado à ANP. O primeiro deles data de março de 2018, em lâmina d'água de 2.144m, e outros três, de maio (2.072 m), junho (2.072 m), e setembro (2.024 m) em 2015.
A Equinor é uma operadora do BM-S-8 com 36,5% de participação, tendo como sócias a ExxonMobil (36,5%), Petrogal Brasil (17% e Barra Energia (10%)
Além de Guanxuma, o bloco contém o prospecto de Carcará, cujas reservas são estimadas em mais de 2 bilhões de barris de petróleo recuperáveis.
O bloco BM-S-8 contém uma parte significativa do campo de Carcará, que é uma das maiores descobertas recentes no pré-sal.
Em 2017, a Equinor comprou 10% da participação da Queiroz Galvão no bloco; antes disso, em 2016, comprou a operação e a participação de 66% da Petrobras.
Aliás, vale relembrar a denúncia que o geólogo Luciano Seixas Chagas fez, em novembro do ano passado, ao repórter Carlos Drummond, da Carta Capital, sobre como se deu a entrega de Carcará pelo Pedro Malan Parente:
(...) Provavelmente, foi o negócio do século para uma empresa estrangeira e uma das transações mais lesivas ao patrimônio da Petrobras e do Brasil, desde o início da exploração do petróleo. Considerando o volume mais provável, a Statoil pagou à Petrobras 2,5 bilhões de dólares por 66% de um volume total de 2 bilhões de barris.
Foi esse o preço pago por cerca de 1,32 bilhão de barris, portanto, que ao preço do barril hoje, em torno de 5 dólares – cotação estimativa internacional para o petróleo comprovado pela descoberta de alguns poços e com boas imagens sísmicas –, valem cerca de 6,6 bilhões de dólares.
Esse valor é bem compatível com os preços internacionais para negociação de ativos com o porte do volume descoberto e avaliado. Ato contínuo, a Statoil adquiriu mais 10% da Queiroz Galvão, pelo mesmo valor, de acordo com o porcentual, e tornou-se a mais provável ofertante para a continuidade da acumulação no ativo Carcará Norte, com volumes estimados – também com probabilidade de 80% – em torno de 2 bilhões de barris.
Como a área Norte ainda era bastante promissora, a Statoil sabiamente levou a Exxon, ávida por estrear no mercado brasileiro, a fazer um carrego (quando uma empresa, além de pagar um valor, custeia outras fases do projeto em nome das sócias detentoras prévias da concessão) em 36,5% no ativo Carcará, sendo 33% dos 66% da Petrobras e 3,5% dos 10% da Queiroz Galvão."
A Statoil recebeu 1,3 bilhão de dólares, ficou com 760 milhões de barris em Carcará e deixou a Exxon com o mesmo montante no ativo, a portuguesa Galp com 400 milhões de barris e a Barra Energia com 200 milhões de barris (...)
Em tempo: sobre isso, não deixe de ler também, no site da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), o artigo "A mentira sobre Carcará é desnudada"