O Brasil está em quarentena econômica
(Charge: Amarildo)
Por Fernando Brito, do Tijolaço - O capital estrangeiro, como Dadá Maravilha, “fez que vinha, não veio e acabou indo”.
Já estava picando a mula antes do coronavírus, que está provocando, no mundo inteiro, uma corrida pela compra de títulos que, mesmo com juros baixíssimos e até negativos, são um porto seguro para o dinheiro.
Aqui, estamos numa sinuca.
Baixar mais as taxas de juros implica em subir mais a taxa de câmbio, já ruinosa.
Elevá-las dificilmente trará dinheiro e não deterá os aumentos de preço, inevitáveis, do dólar alto.
O governo esmera-se em autopiedades, como esta invenção – jabuticaba das boas – de que “o PIB privado cresceu”, lançando uma categoria econômica inédita no mundo.
Jair Bolsonaro, no meio de todas as apreensões, diz que “eles [os empresários ] estão felizes com o que está acontecendo com a economia do Brasil. Nunca sentiram tanta confiança no trabalho do governo como um todo no tocante à produção, à economia, a todos as áreas do Brasil.” E arranja um “inimigo”, além da mídia, para dizer que o problema da economia, a Receita Federal: “é impressionante como a Receita atrapalha”!
Nenhum sinal, portanto, de o presidente vá deixar de auxiliar nas besteiras que Paulo Guedes disse serem capazes de levar o dólar a 5 reais.
Vender ativos públicos , sempre a panaceia para crises econômicas, no quadro em que estamos é muito mais danoso do que era há seis meses, pois tudo ficou mais de um quarto mais barato com as perdas cambiais. Ou mais, porque o vendedor tem zero de credibilidade a oferecer em matéria de segurança na administração.
O dever político, neste momento, é fazer o possível para que o isolamento político impeça aventuras de Jair Bolsonaro.
Inclusive, e este não é um temor infundado, a de fazer uso político da epidemia de coronavírus se ela se expandir no país.
A propósito, manchete da Folha logo após escrito este post, com algo em que venho insistindo repetidamente: Estrangeiros tiram R$ 44,8 bi da Bolsa, maior valor da história para um ano —e é só março. Faltam ainda os números, mas é provável, que com as saídas de ontem e hoje já esteja em R$ 50 bilhões.