Parente se defende e tenta evitar greve
(Crédito: Nerone Prandi)
Do Globo Overseas:
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, enviou, nesta segunda-feira, uma carta aos funcionários da estatal na qual pede uma reflexão sobre o atual momento de crise. O documento afirma que paralisações e pressões para a redução de preços representam um retrocesso que pode prejudicar consumidores, a empresa e, em última instância, a sociedade brasileira. Os petroleiros decidiram aderir ao movimento dos caminhoneiros e anunciaram que vão cruzar os braços por 72 horas a partir de quarta-feira. Na pauta de reivindicações estão a redução dos preços de combustíveis e a saída de Parente do comando da Petrobras.
“Como a Petrobras e a sua força de trabalho podem melhor ajudar o Brasil neste momento? Não acreditamos que seja com paralisações e com pressões para redução de nossos preços. Em nosso entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade brasileira”, afirma a carta, que conclui:
“Assim, neste grave momento da vida nacional, convidamos todos a uma cuidadosa reflexão. Apontamos acima os aspectos que julgamos pertinentes à essa reflexão. E que tomem a sua decisão na direção do que acreditam melhor representar o interesse da sociedade e de nossa empresa”.
Na carta, Parente chama os funcionários da Petrobras de "caros colegas" e defende a política de preços da estatal. Ele afirma que manter os combustíveis com valores artificialmente baixos aumentaria 0 endividamento da empresa prejudicando investimentos. Diante disso, qualquer subsídios dado terá que ser bancado por outros atores.
“A opção de praticar preços abaixo da referência do mercado do petróleo aumentaria nosso endividamento, colocando em risco a realização dos investimentos que garantem o nosso futuro. Não existe alternativa sem custos, preços desconectados da realidade do mercado significam que alguém está pagando a conta, e as leis do País estabelecem que não é a Petrobras. Ao longo do ano passado, a nossa participação de mercado no diesel caiu porque as importações aumentaram substancialmente nos momentos em que o nosso preço estava acima do mercado internacional. Desde então, recalibramos a política de preços e recuperamos nossa participação no mercado”.
Ainda na carta, Parente aponta que existem outros responsáveis pela alta dos combustíveis no país, fazendo uma referência indireta à carga tributária que pesa nos valores, e cobra uma atitude:
“Culpar a Petrobras pelos preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução”.
O texto segue ainda: “Temos a convicção de que defender a nossa empresa é evitar qualquer ação que gere perdas para ela, por mais que, a princípio, pareça justificável. Se a Petrobras não tiver as condições necessárias para ser uma empresa saudável financeiramente, o nosso país também paga um preço na forma de redução dos investimentos, impactos negativos no emprego e em toda a nossa longa cadeia produtiva”.
No documento, Parente lembra que a Petrobras já fez uma ação voluntária para baixar o diesel e atender aos caminhoneiros, o que permitiu um avanço dos diálogos da categoria com o governo. E destaca que a empresa continua disposta a fazer novas contribuições, desde que elas sejam sem prejuízo para a Petrobras.