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PEC da Morte matou o Brasil

A Argentina também se curvou ao mercado - e morreu!
publicado 13/10/2017
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José Paulo Kupfer, como se sabe, dá de 10 a 0 na Cegonhóloga.

Suas ponderadas análises no Globo Overseas dispensam o proselitismo partidário da omnipresente e onisciente colega.

Por exemplo, a dessa sexta-feira 13/X, quando Kupfer trata do natimorto projeto do tal neolibelismo, praticado pelos açougueiros:​

De trás para a frente


(...) Na “Carta de Conjuntura” deste mês, sob o título “Não vale a pena esperar até que o teto de gastos seja rompido”, Luiz Schymura, diretor do Ibre/FGV, descreve simulações elaboradas pela pesquisadora Vilma Pinto com base na hipótese de aprovação de uma reforma mínima da Previdência, estabelecendo idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, combinada com correção do salário mínimo apenas pela inflação, a partir de 2020. A conclusão do estudo é que, sem uma reforma previdenciária básica, o volume total de despesas federais, em 2025, seria 5,2 pontos percentuais do PIB maior do que o fixado no teto e mesmo com ela o excedente alcançaria 3,2 pontos do PIB (http://bit.ly/2i2uHaC).

Fica cada vez mais claro, diante dessa perspectiva, que o programa de ajuste fiscal do governo Temer começou de trás para a frente. Qual o sentido de começar com um teto de gastos inscrito na Constituição e só depois suar a camisa para aprovar reformas em despesas rígidas, caso destacado da Previdência, que impedissem a compressão insustentável de gastos mais flexíveis, como custeio da máquina e, sobretudo, investimentos públicos — estes cruciais para um crescimento econômico sustentável? Por que correr o risco de descumprir a regra constitucional e promover um shutdownno serviço público?

A resposta — segundo o bem conhecido economista Dani Rodrik, de Harvard, em conjunto com o colega brasileiro Filipe Campante, também de Harvard, num artigo de junho, reproduzido pelo jornal “Valor” e intitulado “O momento argentino do Brasil” — é a de que essa foi a forma “desesperada" escolhida para conquistar credibilidade junto ao mercado, à maneira como a Argentina, em 1991, estabeleceu a medida heroica da dolarização da economia.

Para os autores, lá foi o modo de transmitir a mensagem de que a política monetária ficaria no piloto automático, enquanto aqui tratou-se de indicar que o ajuste fiscal e o encolhimento do governo também seriam automáticos. “Como a Argentina descobriu alguns anos depois, a legislação fiscal impositiva pode tornar-se um poderoso constrangimento para a recuperação econômica”.