Petroleiros mandam homem da Shell embora
(Crédito: Roberto Parizotti)
Da Central Única dos Trabalhadores (CUT):
Um dos integrantes do grupo defensor da privatização da Petrobrás, José Alberto de Paula Torres Lima, renunciou nesta quarta (30) ao cargo no Conselho de Administração da empresa, quando foi iniciada a greve nacional dos petroleiros em defesa de uma nova política de preços dos combustíveis e gás de cozinha. O conselheiro é ligado há mais de 27 anos à Shell, petrolífera internacional, e foi eleito, após indicação, no dia 26 de abril.
À imprensa, José Alberto alegou questões pessoais para sua saída. Entretanto, ela ocorre em meio a uma das maiores crises da Petrobras, graças à política adotada pelo governo golpista de Michel Temer (MDB), que colocou na presidência da empresa o tucano Pedro Parente.
Desde 2016, a estatal brasileira tem sofrido desvalorização no mercado internacional, além de praticar uma política de preços que permite reajustes diários nos valores do diesel, da gasolina e do gás de cozinha, em paridade com ajustes internacionais. O aumento do diesel, inclusive, foi o que motivou a greve dos caminhoneiros.
Petroleira e dirigente da CUT-SP e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira classifica a renúncia do conselheiro como vitória do movimento grevista iniciado nas primeiras horas da manhã desta quarta em todo o País.
“Uma das primeiras coisas que o Pedro Parente fez quando assumiu a Petrobras foi trazer Nelson Silva como parte da estratégia da empresa, que também é ligado à Shell. Em abril, Nelson trouxe o José Alberto para o conselho de administração", explica.
"É como se o McDonald’s colocasse alguém do Burger King no alto escalão da empresa. Com certeza, era uma pessoa que estava para defender apenas o interesse das petrolíferas estrangeiras e privadas dentro da Petrobras.”
A paralisação da categoria tem como eixo principal de reivindicações a mudança da política de preços da estatal. A pauta inclui ainda a manutenção dos empregos, a retomada da produção interna de combustíveis, o fim do desmonte e da privatização do Sistema Petrobrás e a demissão do atual presidente, Pedro Parente.