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"PIB privado" é a mais nova piada do governo Bolsonaro

Guedes se supera
publicado 06/03/2020
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(Crédito: Marcos Corrêa/PR)

Por Raymundo Gomes, no DCM - Entrou nos TTs (Trending Topics) do Twitter, como piada nacional, o “PIB privado”, novo conceito econômico lançado por Paulo Guedes para esconder o PIBinho de 1,1% em 2019.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM) divulgou nas redes sociais um “card” apregoando, contra todos os fatos, que “o Brasil agora cresce de verdade”, pois o “PIB público” (“ruim pro Brasil” segundo a SECOM) teria caído 2,25%, enquanto o “PIB privado” teria crescido 2,75%.

Não bastasse o farisaísmo dos conceitos de “PIB público” e “PIB privado”, ridicularizados por inúmeros economistas de diferentes posições ideológicas, os números ainda por cima estão errados.

O tal “PIB privado” não cresceu 2,75%. Cresceu 1,81%. O dado consta de Nota Informativa do próprio governo, divulgada na quarta-feira. O número de 2,75% se refere aos números até setembro. A SECOM já dispunha do dado final de 2019, mas optou por escondê-lo.

Da mesma forma, o “PIB público” não caiu 2,25%, e sim 1,11%. E, claro, o crescimento do “PIB público” não é “ruim pro Brasil”. Não existe dicotomia entre crescimento do setor público e do privado, a não ser na cabeça de quem quer tocar o gado.

“Inventaram o PIB mamadeira de bilau”, escreveu Vinícius Torres Freire, colunista de Economia da “Folha de S. Paulo”. “Dizer que é ‘contabilidade criativa’ nem trisca no disparate.”

“O Ministério da Economia precisa pra ontem se desvincular dessa patacoada de PIB privado e PIB público”, tuitou a apresentadora de TV Vera Magalhães, insuspeita de petismo.

“Bateu uma curiosidade e eu pesquisei ‘private GDP’. Trata-se mesmo de uma inovação única no mundo”, afirmou nas redes a economista Laura Carvalho, ex-colunista da “Folha”.

Até “O Antagonista” criticou.

“O IBGE não reconhece ‘PIB privado’. O FMI não reconhece ‘PIB privado’. O Banco Mundial não usa ‘PIB privado’”, ponderou Cedê Silva, que se apresenta como repórter em Brasília do site de extrema-direita.