Primeiro, a soja; agora, a carne: o desastre da diplomacia ideológica
Brito: e o que ele trouxe de Israel? Nada!
publicado
01/04/2019
Comments
Reprodução/Tijolaço
Por Fernando Brito, no Tijolaço:
Todo o discurso de Jair Bolsonaro é o de que ele vai mudar uma suposta “ideologização” do Estado: no ensino básico, nas universidades e na diplomacia.
E toda a prática de Jair Bolsonaro é a de levar ao paroxismo essa ideologização.
Na educação, o resultado foi uma tragicômica paralisia do MEC, palco de uma batalha entre o astrólogo Olavo de Carvalo e os militares,
Na diplomacia, o desastre ainda não é tão perceptível, mas é claramente anunciado.
Primeiro, tirando toda a autonomia do país em relação às suas transações comerciais com a China, ao nos colocar como caudatários dos interesses de Donald Trump, empenhado em resolver o quanto antes seus contenciosos comerciais com o país asiático.
Os Estados Unidos, nosso maior concorrente na exportação de soja para os chineses, agradecem, penhorados, o fato de, na prática, ficarmos reféns do que eles acertarem com a China, porque abrimos mão, sem nenhuma vantagem em troca, de políticas comerciais autônomas.
Agora, vem a desnecessária provocação aos árabes com a abertura de um inócuo escritório comercial em Jerusalém, que já provocou reações dos palestinos e provocará uma sucessão de outras.
Os países da Liga Árabe importaram, ano passado, US$ 11,5 bilhões do Brasil, contra uma importação de US$ 7,6 bilhões.
Para Israel, exportamos 36 vezes menos: US$ 321 milhões. E temos déficit, pois as importações de lá chegaram quase a US$ 1,2 bilhões.
Nada menos que metade das nossas exportações de frango e 20% das de carne bovina foram na categoria “halal”, onde os animais são abatidos segundo as tradições do islamismo, o que faz do Brasil o fornecedor de 51% do consumo de proteína animal no mundo árabe.
É evidente que não perderemos todo este mercado no curto prazo. Mas também é claro que os nossos competidores vão se estruturar para irem ocupando o que nos custou décadas para consolidar.
A Austrália, por exemplo, nossa competidora direta no mundo árabe, tem programas oficiais de incentivo e certificação de carnes halal, o mesmo acontecendo com a União Europeia. E não duvide que os chineses também coloquem isso como prioridade em seus investimentos na África.
Mas o Brasil, claro, está bem calçado nas análises de mercado de quente como o pastor Silas Malafaia, que desdenha, na BBC, as possibilidades de que a provocação aos árabes possa nos trazer prejuízos:
“Vão comprar de quem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê?”
Logo vamos descobrir.
E toda a prática de Jair Bolsonaro é a de levar ao paroxismo essa ideologização.
Na educação, o resultado foi uma tragicômica paralisia do MEC, palco de uma batalha entre o astrólogo Olavo de Carvalo e os militares,
Na diplomacia, o desastre ainda não é tão perceptível, mas é claramente anunciado.
Primeiro, tirando toda a autonomia do país em relação às suas transações comerciais com a China, ao nos colocar como caudatários dos interesses de Donald Trump, empenhado em resolver o quanto antes seus contenciosos comerciais com o país asiático.
Os Estados Unidos, nosso maior concorrente na exportação de soja para os chineses, agradecem, penhorados, o fato de, na prática, ficarmos reféns do que eles acertarem com a China, porque abrimos mão, sem nenhuma vantagem em troca, de políticas comerciais autônomas.
Agora, vem a desnecessária provocação aos árabes com a abertura de um inócuo escritório comercial em Jerusalém, que já provocou reações dos palestinos e provocará uma sucessão de outras.
Os países da Liga Árabe importaram, ano passado, US$ 11,5 bilhões do Brasil, contra uma importação de US$ 7,6 bilhões.
Para Israel, exportamos 36 vezes menos: US$ 321 milhões. E temos déficit, pois as importações de lá chegaram quase a US$ 1,2 bilhões.
Nada menos que metade das nossas exportações de frango e 20% das de carne bovina foram na categoria “halal”, onde os animais são abatidos segundo as tradições do islamismo, o que faz do Brasil o fornecedor de 51% do consumo de proteína animal no mundo árabe.
É evidente que não perderemos todo este mercado no curto prazo. Mas também é claro que os nossos competidores vão se estruturar para irem ocupando o que nos custou décadas para consolidar.
A Austrália, por exemplo, nossa competidora direta no mundo árabe, tem programas oficiais de incentivo e certificação de carnes halal, o mesmo acontecendo com a União Europeia. E não duvide que os chineses também coloquem isso como prioridade em seus investimentos na África.
Mas o Brasil, claro, está bem calçado nas análises de mercado de quente como o pastor Silas Malafaia, que desdenha, na BBC, as possibilidades de que a provocação aos árabes possa nos trazer prejuízos:
“Vão comprar de quem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê?”
Logo vamos descobrir.
Gostou desse conteúdo? Saiba mais sobre a importância de fortalecer a luta pela liberdade de expressão e apoie o Conversa Afiada! Clique aqui e conheça! |