Vão internacionalizar a Vale?
Logo agora que vai dobrar a produção de ferro de Carajás...
publicado
27/01/2017
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Como se vê nesse vídeo histórico, foi o Padim Pade Cerra, o "Careca", quem insistiu muito para o Príncipe da Privataria vender a Vale a preço de banana.
Mas, não bastou.
Agora, é preciso entregar Carajás - a maior descoberta de uma jazida de ferro realizada por geólogos brasileiros... - aos americanos.
(Para ver como os tucanos se casam com os pigs, ver aqui. E para ver como eles se agacham mais que os mexicanos, ver aqui.)
Por Lúcio Flávio Pinto, no blog A Vale que Vale:
Em abril vai terminar o contrato de privatização da antiga Companhia Vale do Rio Doce através da Valepar. Atualmente, o controle do capital da holding, com 53,9% das ações com direito a voto, está distribuído entre Litel, que inclui os fundos federais Previ, Funcef e Petros), com 49%; o BNDES, através do Bndespar, com 11,5%; o Bradesco ( 21%) e a japonesa Misui (18%).
O governo federal, portanto, tem 60,5% das ações com direito a voto na Valepar, mas essa maioria não se traduz em poder decisório. No modelo de privatização adotado pelo governo Fernando Henrique Cardoso e executado pelo Bradesco (que, pela própria regra que criou, não podia ser acionista da companhia), qualquer decisão requer 75% mais uma ação, quando numa empresa privada a regra é 50% mais uma ação.
Lula deixou que Roger Agnelli mandasse como queria. Ele assumiu a presidência da Vale dois anos antes de Lula ocupar a presidência da república. E ficou no cargo até um ano depois da saída de Lula, tornando-se quem por mais tempo (10 anos) ficou à frente da mineradora.
Na verdade, porém, ele era o representante do Bradesco, do qual se originara e que o sustentava, embora tivesse apenas 21% da Valepar e 2,72% do total de ações com direto a voto. Agnelli caiu quando entrou em conflito com Dilma Rousseff, que negociou com o Bradesco a sua remoção.
Como para todos os fins de direito a União continua a ser a dona da Vale, apesar da privatização, o mando do Bradesco era fruto de uma autolimitação do governo. Uma castração que podia ser superada por um ato de vontade, desde que o presidente da república decidisse confrontar o Bradesco. Lula não quis. Dilma chegaria a tanto?
A possibilidade pode ter levado os controladores de fato da empresa a formularem um novo modelo de gestão para vigorar a partir de maio, quando o contrato atual chegará ao fim. Nesse modelo, todas as ações de bolsa, inclusive as preferenciais, passariam a ter direito a voto. Com a mudança, as ações em poder da União seriam diluídas, já que o Estado não vai comprar ações na bolsa, onde atuam os acionistas privados, os atuais ou novos investidores.
Não por acaso, Nova York é o maior centro de comercialização dos papeis da mineradora e os americanos são os principais detentores das ADR, as ações preferenciais, as primeiras a serem remuneradas, mas que, ao menos por enquanto, não conferem o direito de votar aos seus portadores. Com a abertura, quem poderá vir a ser o novo dono da companhia? Certamente não os fundos nem o BNDES, que estão descapitalizados. Pelo contrário, o mais provável é que vendam suas ações para se capitalizar.
Pela importância do tema, do qual o Pará se tem mantido completamente à margem, utilizo matéria da agência Bloomberg, a mais importante do mercado financeiro americano, para registrar a movimentação de bastidores. E alertar a opinião pública paraense.
Justamente agora, quando o projeto S11D, que vai praticamente dobrar a produção de minério de ferro de Carajás começa a operar. Com os 230 milhões de toneladas do Pará, a Vale vai dominar o mercado internacional de minério de ferro por mais de um século, graças à qualidade do minério e à sua logística. E nós?
Caso ocorra realmente a união das ações, a mineradora iria pulverizar seu controle, diluindo a participação dos atuais acionistas.
Na semana passada, o serviço de notícias ValorPro informou que nas negociações do acordo de acionistas da Vale está em discussão a migração das duas classes de ações preferenciais da mineradora para apenas papéis ordinários, que dão direito a voto.
Segundo fontes ouvidas pela agência, este é um cenário provável, mas o acordo ainda não foi fechado. Vence em abril o atual acordo entre os acionistas da Vale, Bradespar, BNDES, a japonesa Mitsui e os fundos de pensão estatais (Previ, Funcef, Petro e Funcesp).
Além disso, a publicação diz que circula a possibilidade do próximo acordo ser mais curto, de apenas seis anos, contra os 20 anos do acordo atual, que é de 1997, ano da privatização da estatal. Caso ocorra realmente a união das ações, a mineradora iria pulverizar seu controle, diluindo a participação dos atuais acionistas.
Mesmo assim, segundo a fonte do Valor, eles teriam como se proteger de eventuais ofertas hostis por meio de regras que devem ser estabelecidas já na renovação do acordo. Segundo a equipe de analistas do BTG Pactual, esta “potencial melhoria da governança” seria uma notícia positiva para os acionistas.
“Isso poderia levar a um rerating dos múltiplos da Vale mais para os níveis de pares”, disseram em relatório, destacando que a Rio Tinto e a BHP negociam em múltiplos entre 7 e 7,5 vezes, enquanto a Vale está em 6 vezes. Supondo a convergência das ações, o patrimônio da Vale poderia sofrer uma reprecificação de mais de 30%, o que implicaria na criação de valor de US$ 18 bilhões para a mineradora, segundo o BTG.
Entre diversos fatores que tornam este assunto bastante complexo, os analistas destacam a decisão de qual seria a relação de troca das atuais ações PN para ON. Dados todos os pontos que precisam ser decididos, a equipe do BTG diz estar cética quanto a este ser um evento para curto prazo na Vale.
“Embora claramente faria sentido de uma perspectiva de criação de valor e provavelmente será analisada a nível de acionista, permanecemos neutros com a Vale”, completaram os analistas.
O blog “O Investidor de Sucesso”, do InfoMoney, publicou uma análise sobre a Bradespar, destacando exatamente a correlação das ações da holding com os papéis ordinários e preferências da Vale. Tudo isso por conta dos temores criados no ano passado com o risco do acordo de acionistas não ser renovado.
O governo federal, portanto, tem 60,5% das ações com direito a voto na Valepar, mas essa maioria não se traduz em poder decisório. No modelo de privatização adotado pelo governo Fernando Henrique Cardoso e executado pelo Bradesco (que, pela própria regra que criou, não podia ser acionista da companhia), qualquer decisão requer 75% mais uma ação, quando numa empresa privada a regra é 50% mais uma ação.
Lula deixou que Roger Agnelli mandasse como queria. Ele assumiu a presidência da Vale dois anos antes de Lula ocupar a presidência da república. E ficou no cargo até um ano depois da saída de Lula, tornando-se quem por mais tempo (10 anos) ficou à frente da mineradora.
Na verdade, porém, ele era o representante do Bradesco, do qual se originara e que o sustentava, embora tivesse apenas 21% da Valepar e 2,72% do total de ações com direto a voto. Agnelli caiu quando entrou em conflito com Dilma Rousseff, que negociou com o Bradesco a sua remoção.
Como para todos os fins de direito a União continua a ser a dona da Vale, apesar da privatização, o mando do Bradesco era fruto de uma autolimitação do governo. Uma castração que podia ser superada por um ato de vontade, desde que o presidente da república decidisse confrontar o Bradesco. Lula não quis. Dilma chegaria a tanto?
A possibilidade pode ter levado os controladores de fato da empresa a formularem um novo modelo de gestão para vigorar a partir de maio, quando o contrato atual chegará ao fim. Nesse modelo, todas as ações de bolsa, inclusive as preferenciais, passariam a ter direito a voto. Com a mudança, as ações em poder da União seriam diluídas, já que o Estado não vai comprar ações na bolsa, onde atuam os acionistas privados, os atuais ou novos investidores.
Não por acaso, Nova York é o maior centro de comercialização dos papeis da mineradora e os americanos são os principais detentores das ADR, as ações preferenciais, as primeiras a serem remuneradas, mas que, ao menos por enquanto, não conferem o direito de votar aos seus portadores. Com a abertura, quem poderá vir a ser o novo dono da companhia? Certamente não os fundos nem o BNDES, que estão descapitalizados. Pelo contrário, o mais provável é que vendam suas ações para se capitalizar.
Pela importância do tema, do qual o Pará se tem mantido completamente à margem, utilizo matéria da agência Bloomberg, a mais importante do mercado financeiro americano, para registrar a movimentação de bastidores. E alertar a opinião pública paraense.
Justamente agora, quando o projeto S11D, que vai praticamente dobrar a produção de minério de ferro de Carajás começa a operar. Com os 230 milhões de toneladas do Pará, a Vale vai dominar o mercado internacional de minério de ferro por mais de um século, graças à qualidade do minério e à sua logística. E nós?
Caso ocorra realmente a união das ações, a mineradora iria pulverizar seu controle, diluindo a participação dos atuais acionistas.
Na semana passada, o serviço de notícias ValorPro informou que nas negociações do acordo de acionistas da Vale está em discussão a migração das duas classes de ações preferenciais da mineradora para apenas papéis ordinários, que dão direito a voto.
Segundo fontes ouvidas pela agência, este é um cenário provável, mas o acordo ainda não foi fechado. Vence em abril o atual acordo entre os acionistas da Vale, Bradespar, BNDES, a japonesa Mitsui e os fundos de pensão estatais (Previ, Funcef, Petro e Funcesp).
Além disso, a publicação diz que circula a possibilidade do próximo acordo ser mais curto, de apenas seis anos, contra os 20 anos do acordo atual, que é de 1997, ano da privatização da estatal. Caso ocorra realmente a união das ações, a mineradora iria pulverizar seu controle, diluindo a participação dos atuais acionistas.
Mesmo assim, segundo a fonte do Valor, eles teriam como se proteger de eventuais ofertas hostis por meio de regras que devem ser estabelecidas já na renovação do acordo. Segundo a equipe de analistas do BTG Pactual, esta “potencial melhoria da governança” seria uma notícia positiva para os acionistas.
“Isso poderia levar a um rerating dos múltiplos da Vale mais para os níveis de pares”, disseram em relatório, destacando que a Rio Tinto e a BHP negociam em múltiplos entre 7 e 7,5 vezes, enquanto a Vale está em 6 vezes. Supondo a convergência das ações, o patrimônio da Vale poderia sofrer uma reprecificação de mais de 30%, o que implicaria na criação de valor de US$ 18 bilhões para a mineradora, segundo o BTG.
Entre diversos fatores que tornam este assunto bastante complexo, os analistas destacam a decisão de qual seria a relação de troca das atuais ações PN para ON. Dados todos os pontos que precisam ser decididos, a equipe do BTG diz estar cética quanto a este ser um evento para curto prazo na Vale.
“Embora claramente faria sentido de uma perspectiva de criação de valor e provavelmente será analisada a nível de acionista, permanecemos neutros com a Vale”, completaram os analistas.
O blog “O Investidor de Sucesso”, do InfoMoney, publicou uma análise sobre a Bradespar, destacando exatamente a correlação das ações da holding com os papéis ordinários e preferências da Vale. Tudo isso por conta dos temores criados no ano passado com o risco do acordo de acionistas não ser renovado.