Economia

Você está aqui: Página Inicial / Economia / Vem aí o Fundo Especial da Nota Fria!

Vem aí o Fundo Especial da Nota Fria!

Fernandes acha o crime perfeito no fundo eleitoral​
publicado 17/08/2017
Comments
Sujeira.jpg

O Conversa Afiada reproduz do PiG cheiroso trechos de esclarecedor artigo de Maria Cristina Fernandes, um raio de luz que no PiG sobrevive:

​(...)

​ Deve-se ao professor Jairo Nicolau o cálculo de que o fundo eleitoral distribuirá, para cada parlamentar, R$ 1,1 milhão, mais do que o dobro do valor recebido por eles em contribuições privadas oficiais nas últimas eleições. Pois o Fundo Especial da Nota Fria funcionará assim: para conseguir 10 mil votos, um prefeito pede R$ 100 mil. Como o deputado não pode repassar o dinheiro do fundo diretamente, pedirá nota de R$ 300 mil para uma gráfica que lhe prestou serviços orçados em R$ 200 mil. Tudo em dinheiro vivo.

É a sobrevivência da velha lavagem de dinheiro já escancarada em operações policiais. O crime, desta vez, é mais perfeito do que aquele que se identificou no caixa um das últimas eleições porque já não há nem mesmo uma triangulação de fornecedores do Estado a ser investigada.

A criação de um fundo R$ 1 bilhão mais caro que o programa Farmácia Popular e mais do que o dobro de todo o orçamento do Ministério dos Esportes, não vai por fim ao caixa dois. O vicejante mercado de jabutis nesta legislatura demonstrou que o investimento em bancadas parlamentares ainda vale a pena.

​(...)

Os parlamentares costumam dizer que nada é mais poderoso do que a ideia cujo tempo chegou (Victor Hugo). A proposta de reverter emendas parlamentares para o custeio do fundo eleitoral é, definitivamente, uma ideia da era Michel Temer. Joga por terra o argumento eternamente cultivado no Congresso em defesa das emendas de que estas não são a emenda não é do parlamentar, mas daquele que o elegeu e tem demandas a serem satisfeitas. Se a emenda é do eleitor, o parlamentar não pode se valer dela sem seu consentimento para custear o Fundo Especial da Nota Fria.

É a naturalização da desfaçatez. É este o motor da República. Por ele se movem desde um presidente da República que avaliza comportamento de um empresário corruptor, porque sempre foi assim, até agentes econômicos que, diante de um governo incapaz de fazer a prometida lição de casa para reduzir o rombo de suas contas, dizem amém.​