Lula errou: o Mandela é ele. Dilma é a Thatcher (de esquerda)
Na campanha, Lula tomou a iniciativa de comparar Dilma a Mandela.
Lula quis enfatizar a trajetória de um líder guerrilheiro, encarcerado, que entra na batalha – vitoriosa – de uma democracia.
Na entrevista de hoje, no Palácio do Planalto – clique aqui para ver que ele fala de uma nova CPMF – Lula voltou a se referir, implicitamente, ao passado da guerrilheira.
E disse que aquilo que parecia assustar muita gente, para ele, Lula, era uma virtude.
O que, também, ajuda a comparar Dilma a Serra.
Serra saiu do Comício das Diretas com Jango direto para o Chile, com uma passagem cinzenta pela Imigração dos Estados Unidos.
Mandela saiu da cadeia para liderar uma revolução democrática que acabou com o apartheid.
Acabou o mandato, Mandela foi embora.
Foi ser Estadista e ajudar a combater a iniquidade mundo afora.
Foi o que Lula fez hoje.
Anunciou que vai embora.
Vai deixar a Dilma governar.
De novo, que contraste edificante !
Lula não será o corneteiro do FHC, que ficou na arquibancada a torcer pelo quanto pior melhor.
A jogar lenha no Golpe do PiG (*).
Clique aqui para ler o irretocável obituário que o Mino escreveu sobre o FHC, o homem corroído pelo fanatismo da ambição.
Lula passou o bastão, hoje.
Desencarnou do papel de Chefe de Estado e vestiu a toga de estadista.
A este ordinário blogueiro chamou a atenção, especialmente, o olé que Lula deu no Ministro Marco Aurélio de Mello.
Deselegantemente, Mello atribuiu a Lula a culpa pelo papelão que o Supremo pregou na Nação, ao julgar a Lei da Ficha Lima.
Mello disse que Lula não indicou o substituto do Eros Grau e, com isso, provocou o impasse.
Lula disse, hoje, que não ia escolher o Ministro do Supremo em fim de mandato, sem consultar o presidente eleito – a Dilma ou o Serra.
E devolveu o Ministro Mello à sua ministerial insignificância.
Lula vai sair por aí.
Tomara que a Maria Inês Nassif tenha razão e ele vá para a África.
Levar o Bolsa Família, a Embrapa, o Minha Casa Minha Vida.
E quando encontrar o Mandela, rir muito às custas da vaidade do Fernando Henrique.
E a Dilma ?
Bom, na coletiva de hoje, ela assumiu.
Segura, firme, sabe os números, entende as sutilezas, foi hábil: o pré sal é um problema de hoje, do Presidente Lula e deste Congresso, disse ela.
E demonstrou, sobretudo, autoridade.
Firmeza.
Se o Lula é o Mandela, a Dilma é a Margaret Thatcher.
Bem entendido.
Como diz a Dilma: ela sempre teve “lado”.
O lado dela é o esquerdo.
Ela é a Thatcher do lado esquerdo.
Em tempo: Thatcher ficou onze anos no poder.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.