“Por que o Brasil não devolve as Malvinas à Argentina ?”
Converso com o João, de 16 anos, que tinha acabado de sair de uma aula de Filosofia.
Ele estava muito impressionado com o Sartre.
Prometi que lhe daria de presente “O Existencialismo é um Humanismo”.
Resolvo mudar de assunto.
- João, você sabia que o Brasil agora tem uma economia mais forte que todas as da Europa ? Só perde para a Alemanha ?
- É mesmo ?
(Ele ainda não tinha aberto a internet.)
- É maior do que a Inglaterra e a França.
- Que a Inglaterra ?, perguntou o João, assim, como se fosse uma coisa muito natural.
- Maior que a Inglaterra, sim, senhor !, respondi com mais entusiasmo.
- Então, já sei o que o Brasil poderia fazer.
- O que ?
- Devolver as Malvinas à Argentina.
Tomei um susto.
- O que, João ?
- As Malvinas são da Argentina e não da Inglaterra, ele disse.
- É verdade, João. Respondi ainda embasbacado. Estava diante de um estudante de geopolítica e não sabia.
- Você não sabe – e disse ele com o espanhol que aprendeu na escola - que “las Malvinas son argentinas” ?
Pano rápido.
(Já sei. Agora, em lugar de ler a Eliane Catanhêde, vou perguntar ao João o que o Brasil vai fazer quando for tudo o que a elite jamais desejou: do primeiro time.)
Paulo Henrique Amorim