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Por que Obama não vai ver o Nunca Dantes. Por causa do Irã

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria
publicado 19/03/2011
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O Nunca Dantes disse que não ia.

Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.

Desculpa.

O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.

Clique aqui para ir ao site Vermelho e ver o que diz o grande chanceler Celso Amorim: EUA querem resolver tudo com "atitude de caubói".

Na hora “H”, o Irã concorda.

O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.

Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.

Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.

Aí, Obama recua.

Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.

Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.

Recuou, como recuou no Egito.

Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.

Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.

Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.

Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.

E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.

As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem.

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.

O Farol aceitou o convite, pressuroso.

Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.

Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.

O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.

E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.

O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.

O da altivez.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.