Por que Obama não vai ver o Nunca Dantes. Por causa do Irã
O Nunca Dantes disse que não ia.
Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.
Desculpa.
O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.
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Na hora “H”, o Irã concorda.
O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.
Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.
Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.
Aí, Obama recua.
Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.
Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.
Recuou, como recuou no Egito.
Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.
Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.
Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.
Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.
E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.
As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem.
O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.
O Farol aceitou o convite, pressuroso.
Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.
Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.
O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.
E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.
O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.
O da altivez.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.