Dra Dodge, olha o que andaram dizendo da Globo na Justiça de NY!
O Conversa Afiada já mostrou como o argentino Alejandro Burzaco acusou a Rede Globo de ter pago propina para Julio Grondona, ex-presidente da Associação Argentina de Futebol A(FA), para obter os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030.
(Não deixe de assistir à TV Afiada "Globo vai se ferrar é no exterior")
Burzaco é testemunha de acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em Nova York, EUA.
Cabe relembrar: Burzaco aponta que a Globo agiu em "parceria" com a Televisa, do México, e a Torneos y Competencias, empresa de marketing esportivo comandada pelo próprio Burzaco.
Graças ao Portal R7, o Conversa Afiada teve acesso à integra de depoimento prestado por Burzaco à corte de Nova York no dia 15/XI.
Você pode ler o documento na íntegra (em inglês), mas o C Af publica os principais pontos traduzidos:
Burzaco:
Eu estava em Zurich e a Torneos estava em aliança com a Teleglobo do Brasil e a Televisa do México, (...) buscando adquirir da FIFA os direitos exclusivos de transmissão em TV, internet e rádio das Copas do Mundo de 2026 e 2030, para o território brasileiro, no caso da Globo, e latino-americano, no caso da Televisa, parceiras da Torneos.
Entre as três parceiras, fizemos um acordo para distribuir o ônus do pagamento de 15 milhões de dólares em propinas.
Para quem?
Para Julio Grondona.
E quando você fala sobre você e seus parceiros, a quais parceiros está se referindo?
Teleglobo do Brasil e Televisa do México.
Os 15 milhões de dólares foram, de fato, pagos a Julio Grondona?
- Sim, senhor.
Burzaco:
Basicamente a Fox Sports comprou os direitos de transmissão da Copa Libertadores da Teleglobo. Esses direitos eram transmitidos pela Teleglobo no Brasil para essa T&T Holanda e a T&T coletaria da Teleglobo e usaria parte dos seus fundos da T&T Holanda para pagar propinas relacionadas à Copa Libertadores e outras propinas.
Burzaco:
(...) Em relação aos contratos de propina, eu discuti o interesse da Teleglobo e da Torneos de estender [os direitos de transmissão] da Copa Libertadores e da Copa Sulamericana após o fim dos contratos em 2032. E nós estávamos esperando, a Torneos e a Teleglobo, que uma vez que ele [Juan Ángel Napout] virasse o presidente, ele faria outro acordo de quatro anos e a base para tal seria a política que a FIFA estava adotando mundo afora com alguns de seus contratos, contratos de patrocínio e de direitos de TV. Para aquele momento, 2014, a FIFA estava formalizando contratos até o fim de 2030.
- Você diz: talvez, em vez de jantar na quinta-feira, nós podemos tomar café da manhã na sexta com o Campos Pinto. Você disse isso. Quem é Campos Pinto?
Marcelo Campos Pinto foi, por um longo tempo, o principal responsável pela divisão de esportes da Tele Globo.
- E então você disse: eu estava falando com o Marco Polo, tudo estava indo bem. A que você estava se referindo?
Que eu tive uma conversa com o Marco Polo Del Nero e ele estava bem, dando apoio.
- E dando apoio para o quê?
Dando apoio ao projeto do Juan Angel Napout de se tornar o próximo presidente da CONMEBOL.
- E esse encontro que você estava discutindo com relação ao Marcelo Campos Pinto, do que se tratava?
O encontro com Marcelo Campos Pinto era uma continuação do jantar que tive no Restaurante Cipriani. Era um café da manhã organizado pelo Marcelo Campos Pinto para expressar o apoio dele ao Juan Angel Napout como próximo presidente da CONMEBOL, e também um encontro para confirmar o plano do Juan Angel Napout quando se tornasse presidente e, em particular, seus planos de estender os contratos [de transmissão] da Copa Libertadores e da Copa Sulamericana após 2022.
- Você testemunhou mais cedo sobre uma entidade chamada T&T localizada na Holanda e que tinha certos contratos com a Globo. Você se lembra dessa parte?
Sim, senhor.
- E aqueles contratos estavam relacionados à Copa Libertadores e à Sulamericana?
Sim, senhor.
- E esses contratos faziam parte da discussão no restaurante em Miami?
Não. Nós estávamos sempre falando sobre os direitos para as Americas, com exceção do Brasil, e não estávamos falando sobre os direitos para fora da América, o que já estava acordado previamente no contrato com a Full Play and Torneos, após 2018.
- E por que os contratos sobre os direitos para o Brasil não fizeram parte da discussão?
Porque em setembro de 2014, as cinco pessoas que estavam almoçando no restaurante Milos em Miami Beach sabiam que parte dos fundos para os pagamentos de propina relacionados aos contratos da Copa Sulamericana e da Copa Libertadores, da CONMBEBOL, vinham do pagamento da Globo para a T&T Holanda, e deles para executivos.