Escravidão voltou à Líbia! Viva Obama, Cameron e Sarkozy!
"Esse aqui custa quatrocentos dolares"
O Conversa Afiada reproduz da CNN e do Estadão imagens e um artigo de Gilles Lapouge (uma das derradeiras manifestações de inteligência no PiG brasileiro) sobre a volta da Escravidão à Líbia.
Como se sabe, Obama, o inglês Cameron e o francês Sarkozy pretendiam salvar a Civilização Ocidental e o tal do neolibelismo quando bombardearam a Líbia para tirar Gaddafi do poder.
Desde então, a Líbia voltou a praticar a Escravidão - como se faz na República Federativa da Cloaca, com a abolição da Lei Áurea e a transformação do Brasil num laboratório do Pinochet.
A Líbia passou a ser também um centro propulsor de migrantes desesperados para as costas europeias.
Como os escravos do Níger que aparecem na reportagem da CNN.
Como a criança síria morta numa praia da Turquia, eles fogem da miséria planetária do neolibelismo de que Obama, Cameron e Sarkozy foram apenas títeres.
Ao Lapouge, para quem a cólera aquece a alma:
Mercado de escravos
Gilles LapougeEm pleno 2017, homens, mulheres e crianças são vendidos em público na Líbia
Uma simples foto pode trazer à luz um drama que o mundo ignora ou finge ignorar. Isso aconteceu em 2015, com a foto de um pequeno migrante morto numa praia da Turquia. Muitos anos antes, o mundo ficara estarrecido com a foto de uma menina queimada por napalm, correndo nua e desesperada por uma estrada do Vietnã. Em ambos, as fotos produziram choques de realidade mais eficazes que 20 anos de conversa fiada na ONU.
Agora, uma reportagem da rede de TV CNN nos informa que, em pleno ano da graça (ou da desgraça?) de 2017, existem na Líbia mercados de escravos nos quais homens, mulheres e crianças são vendidos em público.
Esse comércio vergonhoso só foi abolido no Brasil em outubro de 1888. Mas a lentidão foi ainda maior na África: a Mauritânia só acabou (oficialmente) com a infâmia em 1981. Mauritânia e Líbia são países situados em parte no Saara, o mais vasto deserto quente do mundo, um território infinito de areia e pedras que separa e liga o Magreb (Marrocos, Tunísia, Argélia, Líbia) e a África negra.
Como a foto da garotinha vítima do napalm nos confins do Vietnã, as imagens da CNN arrancaram de uma longa sesta essa gente solene que, na ONU, nas capitais, nas chancelarias, tem em mãos o destino de mundo. O francês Emmanuel Macron trovejou sua indignação. O secretário-geral da ONU, horrorizado, fustigou a União Europeia e a União Africana.
A cólera aquece a alma. Certamente existe no fundo desses corações entorpecidos uma fibra moral ainda intacta. O estranho é que eles não se tenham indignado antes, pois é um segredo de polichinelo que a Líbia voltou a ter um comércio de escravos desde que esse país infeliz foi quebrado em três por Nicolas Sarkozy.
Admitindo-se que os ocidentais nada soubessem antes da reportagem da CNN, os diplomatas europeus e americanos, vindos de escolas de elite, no mínimo não podiam ignorar que a escravidão nos países do Magreb foi durante séculos uma indústria pujante. (...)
A menina queimada por napalm, em 1972
A criança siria, na praia da Turquia, em 2015
A Escravidão na Líbia, em 2017