A Globo em busca do povão. Sugestões
Saiu no Estadão, na pág. D7:
“Mudanças no jornalismo da Globo apontam tendência mais popular”
Saiu no Blog do Nassif:
As mudanças na Globo
Enviado por luisnassif, seg, 20/06/2011
Por Marco Aurélio Mello
Chama atenção a dança das cadeiras na TV Globo por várias razões.
Primeiro, quem fez o anúncio foi Carlos Henrique Schroder ... não Ali Kamel ... Corre pelos corredores da emissora a notícia de que Ali atualmente não apita mais tanto quanto antes. Contribuiram para sua derrocada, o tipo de jornalismo que ele empreendeu, desde que assumiu, centralizando as decisões e condicionando a cobertura à sua vontade (ou seria à vontade expressa do patrão?).
Outro episódio definitivo para a queda teria sido o "bolinhagate", a tentativa de comprovar que o então candidato à presidência José Serra tinha sofrido um traumatismo craniano, depois de atingido por uma bolinha de papel. Até o perito Ricardo Molina foi convocado às pressas para dar legitimidade ao caso, que atingiu em cheio a credibilidade da emissora.
Clique aqui para ver o vídeo que desmoraliza o Kamel, o Cerra, o Molina etc e tal.
Sabe-se que naquela noite o Jornal Nacional foi vaiado- clique aqui para ler o que disse o Rodrigo Vianna sobre essa retumbante vaia - pelos próprios jornalistas e que, em Brasília, a exemplo do que aconteceu em São Paulo em 2006, a diretora de jornalismo Silvia Faria teria dito o mesmo que Mariano Boni em São Paulo, anos antes: "quem não estiver satisfeito procure a Record".
Quem frequenta a emissora conta que, agora, raramente Ali desce do quarto andar onde se refugiou para escrever seus artigos, comprar suas polêmicas e processar seus "detratores".
Clique aqui para ler “As 37 ações que movem contra PHA”.
Agora ... Renato Ribeiro (ex-editor chefe do Jornal Nacional) e Luis Claudio Latgé (ex-diretor de jornalismo de São Paulo) (cuidam do serviço). Ali só é consultado quando o assunto é muito cabeludo. O sinal já havia sido dado no começo do ano, quando o diretor superintendente Octávio Florisbal anunciou em alto e bom som que o jornalismo da emissora ía mudar.
Recente pesquisa mostra preocupação com os índices de audiência do jornalismo, sobretudo no periodo matutino onde, não raro, a emissora amarga o segundo lugar durante toda a manhã.
Não por acaso a dança das cadeiras começou por Renato Machado, que será uma espécie de embaixador em Londres. Para quem gosta de vinho e música clássica, como ele, é um prêmio e tanto para quem se dedicou 15 anos ao Bom Dia Brasil, acordando às 4 horas da manhã. Renato estará a um passo de Paris, Geneve, Roma e Frankfurt. É tudo o que ele sempre pediu a Dionísio.
Para o seu lugar assume Chico Pinheiro. O veterano jornalista e apresentador vai tentar popularizar o jornal... É sinal também de que a emissora está disposta a atrair os extratos mais à esquerda do espéctro político de seu público. Chico - como antítese de Renato - é a MPB e a caipirinha no poder.
Outra veterana da apresentação, Mariana Godoy, segue agora para o Jornal das 10 da Globo News, reflexo do incômodo causado pela chegada de Heródoto Barbeiro à Record News. Para o seu lugar vai César Tralli, que realiza um sonho antigo, que é ocupar uma bancada de telejornal. Na reportagem ele se consagrou, mas pagou um preço muito alto: os colegas detestam seu estilo e seus modos, considerados por muitos bastante pragmáticos, se é que podemos dizer assim.
Se a volta de Schroder pode aplacar os ânimos? Só o tempo dirá. Minha aposta é que sim. Ele tem o apoio da família Marinho e uma capacidade de sobrevivência invejável. Ele pode ser reabilitado e quem sabe a emissora faça as pazes com a notícia. Talento dos colegas e recursos técnicos não faltam. Mas como na Globo tudo demora um pouco, as mudanças só virão quando entrar setembro. Portanto, o inverno tem tudo para ser quente.
Este Conversa Afiada tem algumas sugestões a fazer ao Schroeder.
Primeiro, ampliar o espaço da urubóloga.
Nada mais povão do que ela.
A sugestão seria dar uma colona (*) diária para a urubóloga no jornal nacional.
Bem antes de entregar para o Insensato Coração.
Uns 15 minutos para ela analisar a elevação (que, na verdade, foi uma reprovação) da nota do Brasil numa agência de risco.
O pessoal lá em Marechal vai ouvir ... agência de risco, risco, vai achar que é sexo grupal, sexo sem camisinha.
Outra sugestão definitivamente consagradora seria levar o William Waack para o Fantástico.
Um quadro permanente.
Ele e mais três entrevistados.
Outros 15 minutos, na hora em que o Fantástico recebe do Faustão e precisa anabolizar a audiência.
Waack, com aquela expressão patibular, tão simpática, analisaria com seus ignotos convidados o caráter eminentemente terrorista das ações da presidenta Dilma Rousseff.
Waack, como se sabe, se tornou um especialista em comunismo internacional.
Outra sugestão preciosa.
Levar o Ali Kamel, em pessoa, para substituir a urubóloga no Bom (?) Dia Brasil.
Ali Kamel faria boletins diários dirigidos especialmente ao pessoal das favelas do Rio e de Salvador.
Kamel explicaria, por “a” mais “b”, que não, não somos racistas.
Uma coisa assim, bem didática, na hora de passar a bola para a Ana Maria Braga.
Quinze minutos para o Kamel dizer ao pessoal da Mangueira que no Brasil não tem negro, mas pardo.
E que pardo não merece ter cota para entrar na universidade.
O pardo, meu querido, o pardo ... – poderia ser o bordão dele, quando devolvesse à Renata Vasconcelos.
Este ansioso blogueiro corre sério risco.
Dar essas dicas ao concorrente.
A Record pode não gostar.
Clique aqui para ler “A Globo em busca da Classe C”.
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.