Saiu no Estadão uma entrevista que pretendia transformar Fernando Haddad num estalinista comedor de criancinha.
Deu-se mal, o Estadão.
A tal ponto que retirou da versão “completa” online os trechos em que ele trata, por exemplo, dos termos de uma hipotética aliança com o pior prefeito da história de São Paulo, Gilberto Kassab.
(O Farol de Alexandria jamais soube explicar a aliança com Maluf e o PFL do ACM com tanta competência.)
De quebra, Haddad propôs uma Ley de Medios americana para o Brasil.
Sugestão que, frequentemente, faz este ansioso blogueiro.
A elite brasileira quer copiar os Estados Unidos em tudo – menos na Ley de Meios ...
Ou, como diz o Franklin Martins: quero uma Ley de Medios para respeitar a Constituição de '88.
Coitado do Bernardo, onde foi se meter …
O Estadão e a elite de São Paulo (separatistas desde 1932) querem a liberdade de imprensa para inventar os tucanos de São Paulo – duas malas que, sem o Estadão e o PiG, não passariam de Pinheirinho, na Dutra.
Ao Haddad, que deu o drible da vaca num estalinista do Estadão:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,esquerda-autoritaria-errou-ao-achar-que-nao-precisava-de-ninguem-diz-haddad,834201,0.htm?p=1
Não incomoda, como intelectual (de esquerda), a frase 'nem direita, nem esquerda, nem de centro' do Kassab?
Ele não é filiado ao meu partido, mas a um outro, que tem outra visão de mundo. Em segundo lugar, se você decide participar do jogo da política democrática, você não pode abdicar... deixa eu achar a palavra correta... (pensa alguns segundos) Quando se faz esse compromisso com a democracia, você está, de certa maneira, se comprometendo em respeitar as regras desse jogo. E a democracia é um governo de maioria. É um governo de coalizão. Não estamos num sistema bipartidário, mas pluripartidário. Todo partido que ganhar uma eleição vai ter que promover uma aliança para governar. Como sair dessa aparente contradição? Você tem uma visão de mundo e terá que se aliar com quem pensa diferente de você. A partir do resultado. O governo Lula, apesar de ter feito uma coalizão com partidos que não professam a ideologia do PT, resultou em mais igualdade e mais liberdade para a população. Se uma coalizão colocar em risco os princípios que você defende, aí ela compromete o ideário. Esse é o limite de qualquer aliança. As alianças têm que ser pautadas de tal maneira a não comprometer o objetivo do processo.
O sr. é contrario à regulamentação da midia ?
No que diz respeito a conteudo, sim,
E no que diz respeito à forma?
No que diz respeito a propriedade cruzada, a impedir monopólio, como nos Estados Unidos, por exemplo, eu penso que é agenda até liberal. A questão da propriedade cruzada dos meios de comunicação já foi discutida e solucionada há muito tempo no mundo desenvolvido. Impedir a oligopolização pra que haja mais pluralidade de opiniões, isso não é atividade que incide sobre a reprodução simbólica, mas tem boas repercussões sobre a reprodução simbólica em proveito do pluralismo.
O que deveria ser feito? Uma lei de meios, como na Argentina?
Quando você fala em lei de meios aqui, as pessoas, com razão, até pelo nosso passado autoritário, pensam imediatamente numa lei que vai inibir a circulação de opiniões. O que uma lei de meios poderia fazer era fomentar a circulação de opiniões, impedindo a oligopolização do setor. Quanto mais plural for a sociedade, quanto mais arejados forem os canais de comunicação, quanto mais as pessoas puderem tomar conhecimento do que pensam as outras, e formar livremente seu juízo sobre os temas de interesse público, mais democrática será a sociedade.
O sr., então, é contrário a que uma empresa tenha uma televisão com penetração em 100% do território nacional, um jornal, uma cadeia de radio...
Nos termos da sociedade liberal, penso que deve haver limites pra propriedade cruzada. Mas nos termos de uma sociedade liberal. A lei americana é um bom termômetro.