Urubóloga segue o rumo do PSDB: fundo do poço
Saiu no Globo:
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/
Uma cabeça, duas sentenças
O ministro Ricardo Lewandowski ameaçou sair do plenário e não ouvir a réplica do ministro Joaquim Barbosa, na semana que vem, caso o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, não dê a ele o direito de tréplica. Foi desconcertante esse bater de pé no chão do revisor. Precisou ser lembrado pelo presidente da Casa de que o relator tem papel de “centralidade”.
Na votação, todos se igualam. Cada ministro, um voto. No entanto, a relatoria foi conferida a Joaquim Barbosa. O ministro Lewandowski pode e deve fazer seu trabalho de contraponto, pesponto ou complemento, mas o que não pode é revogar o fato de que o relator tem esse papel central. Os papéis são diferentes. Os dois trabalharam arduamente no processo, só que Joaquim, por cinco anos, Lewandowski, por seis meses. Se as palavras — relator e revisor — já não bastassem, os dois tempos iluminam a diferença de papéis.
(...)
Como se sabe, a Urubóloga é o que de melhor o neolibelismo (*) produziu no Brasil.
Seu obra intelectual e doutrinária supera tudo o que se concebeu no Millenium e no Instituto Esgarça.
A trajetória intelectual da Urubologa contém a história do pensamento neolibelês (*) no Brasil – e sua derrocada.
A Urubóloga celebrizou-se como “jornalista de Economia”.
Segundo Delfim Netto (ele nega peremptoriamente ter dito isso), no Brasil, jornalismo de Economia não é um nem outro.
(Já o Mino confirma ter dito que, no Brasil, os jornalistas são piores que os patrões.)
Foi aí, na Ciência (sic) Econômica que ela se projetou.
A ponto de o Mino Carta defender a tese de que os filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio – se esborracharam numa concordata, porque acreditaram na Urubologa: ela jurava que o Fernando Henrique não ia desvalorizar o Real.
E se encheram de divida em dólar.
Eleito com essa bandeira, dias depois o Farol de Alexandria desvalorizou o Real, porque o FMI mandou – e os filhos do Roberto Marinho quase quebram.
Nos Governos Lula e Dilma, a Urubologa dedicou seu talento acadêmico e verve publicista a anunciar o Caos.
Porque os trabalhistas são uns incompetentes.
Não tem a expertise dos mestres do Instituto Esgarça, por exemplo.
Lula a desmentiu, inclusive no tsunami de 2008.
E agora a Dilma a desmente todo santo dia.
A Urubologa, rapidamente, deslocou-se para outra arena de combate aos trabalhistas.
O verdismo.
A sustentabilidade.
Para demonstrar que a Dilma não era Verde – e seria fragorosamente derrotada na Rio + 20.
O problema é que as causas Verdes são um conjunto tautológico: a sustentabilidade é o que sustenta a economia sustentável.
E só interessa a meia dúzia de fiéis seguidores da Bláblárina.
O Verdismo foi uma rota de fuga na eleição de 2010.
O Ataulfo de Paiva Merval e o Padim Pade Cerra apropriadamente adotaram certa coloração Verde, quando se tratava de derrotar um candidato trabalhista (Dilma).
Mas, isso se provou mais leve que uma garça à beira do lago.
Bonitinha e ordinária – diria o celebrado ultra-direitista (e genial) tricolor Nelson Rodrigues.
Nos governos Lula e Dilma (sem a Bláblárina) o desmatamento caiu significativamente.
Qual foi, então, a trajetória de sobrevivência da Urubologa e seus discípulos tucanos ?
Sim, porque ela tem mais relevância politica do que toda a bancada tucana no Congresso.
(Alguém lá vai prestar atenção ao que diz o presidente do partido, um Gigante do Orçamento ?)
( A bem da verdade, a relevância deve ser conferida à Globo, que entrega um bem público – o espectro eletro-magnético – a furiosos editorialistas que o utilizam para derrubar o Governo constitucionalmente eleito – como fizeram em 1964.)
Agora, a caminho da inexorável irrelevância intelectual e política, a Urubóloga desembarca, como os tucanos, na nau do mensalão – que, perigosamente se aproxima dos tucanos, pois se configura o crime de Caixa Dois, como prevê Marcio Thomaz Bastos.
(Não deixe de ler “Com medo do Paulo Preto, Cerra volta à baixaria".)
O mensalão que não se provará é a última bala da Urubóloga e, portanto, dos tucanos.
É o “moralismo de ocasião”, a que se refere o Mauricio Dias.
Condenar o José Dirceu.
É a isso que se resume toda a “ideologia” da Urubologa: condenar o Dirceu e, portanto, desconstruir o Lula e derrubar a Dilma, num Golpe paraguaio.
Essa também é a “ideologia” que sobrou de seus descendentes e antecedentes, como o “Teórico da Dependência”, o Farol de Alexandria.
O que fará a Urubologa quando o Dirceu for absolvido, com o voto do Ministro Peluso ?
Vai abrir uma ONG para defender o financiamento público e exclusivo das campanhas eleitorais ?
Voltará ao “jornalismo de Economia“ ?
Entrará para a Academia Brasileira de Letras ?
Ou melhor, para o Instituto Esgarça ?
Como se sabe, a sede do Instituto Esgarça fica em Bel Harbour, Miami.
São aqueles cubanos que se reúnem todo mês de dezembro para combinar o réveillon em Havana, com a queda do Fidel.
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.