A Dilma tem que ir para o horário nobre
Depois de ler “61% dos brasileiros acham que a Dilma é igual ao Lula”, o incomparável marqueteiro João Mendonça ligou para o ansioso blogueiro:
- Eu não tinha razão ?, perguntou ele de uma remota praia no litoral nordestino.
- Sempre, meu querido. Sempre …
- Não me goza. Eu não disse que ela tem que ir pra dentro do jornal nacional ?
- Só se for para apanhar, porque o Gilberto Freire com “i” (*) não brinca em serviço.
- Gilberto com que ?
- Deixa pra lá. Que negócio é esse de jornal nacional ?
- Ela sobe quando vai para a tevê.
- Isso não é uma regra universal, meu querido. O Cerra por exemplo.
- O que tem o Cerra ?
- Quanto mais vai para o horário nobre, mais cai.
- Mas, o Cerra não é exemplo pra ninguém. Nem para o Eduardo Campos...
- Para os tucanuardos …
- Tucano o que ? Você ficou maluco ?
- É um pássaro novo que acharam em Boa Viagem … Uma mistura de tucano com Eduardo …
- Isso é um ultra-leve …
- Mas, e a Dilma ?, pergunta o ansioso blogueiro.
- Você viu que a Dilma não vai fazer a Ley de Medios, como você diz.
- Isso eu tô careca de saber, Mendonça.
- Essa é de época, hein …
- Adelante !
- Se não vai ter Ley de Medios, é pau na Dilma do Bom Dia Brasil ao Jornal da Globo.
- Até aí, Mendonça, não sei por que te pagam tão bem …
- O Ibope record da Dilma demonstra que quando ela vai para a tevê ela neutraliza o bombardeio da Globo.
- Mas, ela não pode ir todo dia para o jornal nacional, em cadeia nacional.
- Todo dia, não ! Mas precisa ir mais.
- E a oposição vai dizer que é campanha eleitoral.
- O que a oposição diz não interessa. Não tira voto. Só interessa o que o PiG (**), como diz você, só interessa o que o PiG faz.
- Mas, Mendonça, o PiG está aflito. Eles não aguentam perder de novo.
- Meu filho, o que não tem remédio remediado está...
- Essa também é de época.
- É verdade. Eles têm que se conformar, porque essa dupla Dilma e Lula é muito forte.
- Nem o Eduardo enfrenta essa dupla ?
- Esse Eduardo está muito guloso.
- Como assim ?
- Ele está mais guloso que o Cerra.
- Não é o guloso que come cru?
- Não, rapaz, quem come cru é outro...
- Ô Mendonça, me diz uma coisa. Você acha que a Dilma consegue enfrentar o Roberto Marinho, o Murdoch e o Ataulfo Merval (***) ?
- Não ! Contra esses, juntos, nem Jesus Cristo !
Pano rápido.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(***) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais medíocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão mediocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notoria mediocridade.