Globo quebrou o futebol de São Paulo
Saiu no Brasil Econômico:
Clubes pagam para entrar em campo por causa de fracasso nas bilheterias
Brasil Econômico - 02/04/2013
Taxas com arbitragem e estrutura transformam jogos do Paulistão em prejuízo para os times até da capital
André Pires
O futebol brasileiro movimenta milhões de pessoas e milhões de reais. Mas a realidade não é igual entre os clubes. Por excesso de partidas na temporada, por ingressos caros ou pela falta de conforto oferecido ao torcedor, muitos clubes estão sofrendo com o déficit financeiro nos jogos do Campeonato Paulista. Isso mesmo, o valor arrecadado com a venda de ingressos é inferior aos custos para realização do jogo, o que faz com que muitos paguem para entrar em campo. Em levantamento do BRASIL ECONÔMICO foi constatado que 48 jogos deram prejuízo aos clubes mandantes, no total de R$ 338.514,56 (veja destaques no quadro abaixo). Foram 159 jogos. “O que deve ser feito é criar um pacote de ingressos do Paulistão envolvendo todos os clubes com preço menor, projetos de shows e outros atrativos nos jogos.
Ao comprar o pacote que inclui as partidas contra os grandes da capital, o torcedor adquire a entrada para jogos com menor interesse, garantindo uma arrecadação. Mas isso precisa ser feito por todos os clubes em conjunto. Tem que criar um sistema, igual ao que existe de cota de TV”, afirma Marquinhos Chedid, presidente do Bragantino, que disputou nove jogos em casa e teve prejuízo em sete. Os únicos que deram lucro foram contra Corinthians e Santos. Analisando o boletim financeiro publicado pela Federação Paulista de Futebol é constatado que um exame antidoping custa R$ 3 mil. Valor que sozinho superou a arrecadação no jogo Oeste e São Caetano, em Itápolis.
Com o menor público do torneio, de apenas 81 pagantes, a bilheteria rendeu apenas R$ 1.760. O clube mandante ainda teve que pagar a taxa do delegado da Federação de R$ 1.440, a fiscalização por R$ 2.198 e R$ 1.230 pela emissão dos ingressos, entre outras despesas fixas. “Diminuir o custo do jogo é muito difícil, o que poderia ser feito é estas despesas serem pagas pela Federação e não pelo clube mandante. Afinal, o dinheiro que é da Federação pertence aos clubes”, ressalta Marcio Della Volpe, presidente da Ponte Preta, segunda colocada na competição, mas com metade dos jogos dando prejuízo. “O que pode resolver é diminuir o número de jogos, fazer um campeonato mais objetivo. O horário é outro problema, pois você joga às 22 horas, dificultando a vida do torcedor”, completa o dirigente da Ponte. Presente no cotidiano dos clubes do interior, este problema começa a atingir grandes clubes. Santos e Palmeiras já registraram déficits em um jogo na atual temporada. Por conta disso, há quem defenda que os times da capital atuem mais no interior do Estado.
“Sempre que jogam no interior, o público é bom. Jogos pequenos não despertam o interesse da torcida na capital”, alerta Chedid. Na segunda divisão do Paulista, a situação se repete, apesar dos custos serem inferiores. O Red Bull Brasil, que manda seus jogos no mesmo estádio da Ponte, consegue ter lucro nos seus jogos. Isso porque cada partida custa R$ 2 mil. Porém, a pouca visibilidade contribui para o déficit nestes jogos. “Temos levado espetáculos para o intervalo e feito ações na internet”, afirma Thiago Scuro, diretor de futebol do Audax, melhor time da A2 e com prejuízo em todos os jogos. Procurada pela reportagem, a Federação Paulista de Futebol não quis se pronunciar.