Bendita crise: STF vs soberania popular
Artigo 52 da Constituição Federal aprovada pelos representantes do povo, em 1988:
Do Senado Federal:
Compete privativamente ao Senado Federal:
X. suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
Como se sabe, num truque hermenêutico, Gilmar Dantas (*), que Fernando Ferro chama de “capitão do mato”, e que Nazareno mandava prender, promoveu uma “mutação constitucional” e considerou que o artigo 52 da Constituição Federal caiu em desuso.
Por que ?
Porque Gilmar quer sequestrar a soberania popular, que se manifesta através do Senado, como desejaram os constituintes de 1988.
A “mutação” é essa: tirar do povo e entregar aos monarcas.
No grito !
Com o silêncio da ditadura do PiG (**).
Simples, não ?
Gilmar tem uma Constituição própria e transformou o Supremo num anexo de seu doméstico paço – clique aqui para ler “Gilmar é quem manda no Supremo ?”.
Gilmar é o centro da “crise”.
Como disse o Janio, ele e o Eduardo Campriles são o gérmen a instabilidade.
Gilmar é o general Mourão do Golpe de 2014.
Por que ?
Porque, herdeiro dos neolibelês (****) que fizeram a Privataria, ele comanda a Vila Militar de 2014.
É o Estado-Maior da conjuração.
Segundo o excelente texto de Mauricio Dias para o documentário “Jango”, de Silvio Tendler, Lacerda e Ademar de Barros transferiram a sede da conspiração de 1963 para a Casa Branca de John Kennedy.
Hoje, a sede é o paço de Gilmar.
Informa O Globo, o 12º voto no Supremo, na página 3:
Cinco senadores (Aloysio 300 mil Ferreira – PSDB/SP; Pedro Taques - PDT (???)-MT; Ana Amélia – PP-RS; Randolfe Rodrigues – PSOL–AP; Jarbas Vasconcelos – PMDB-PE) vão à Vila Militar nesta terça-feira: dirigem-se ao Supremo “desagravar” Gilmar Dantas (*) !
Desagravar !
O copo derramou no julgamento do Mentirão.
Clique aqui para ler “É o mensalão, estúpido” e aqui para ver como Lewandowski desmontou o domínio do fato.
No Mentirão, ficou claro que o papel do Supremo é o que Nazareno Fonteles chama, com precisão, de Supremo Tapetão dos derrotados.
Quem são os derrotados ?
Os que deram o Golpe em 1964.
Os que, desde sempre, querem impedir a manifestação da soberania popular: a origem e a legitimidade da Democracia Representativa de natureza Ocidental.
Os que mataram Vargas e derrubaram Jango com a mão de gato da operação “Brother Sam” americana.
São os mesmos de sempre.
Os mesmos que diziam que Jango queria dar o Golpe.
E agora dizem que o Dirceu quer censurar a liberdade de imprensa e o Nazareno, fechar o Supremo.
Eles dizem qualquer coisa.
A “crise” entre o Legislativo e o Judiciário é uma crise “by proxy”.
Ela é a ponta do iceberg.
Revela quem quer entregar a Democracia brasileira aos não-eleitos do Supremo, aos que gozam de privilégios monárquicos.
Bloqueada a soberania popular, prevalecem os especialistas multi-uso que nada sabem de tudo; os colonistas (****) do PiG (**); os economistas dos bancos que se manifestam nas intervenções da Urubóloga.
Prevalece a “Democracia” de poucos.
Dos “intérpretes”, dos “tradutores” que trazem a luz da Metrópole para conduzir a Colônia.
O Golpe do Mentirão, seguido da prisão de Lula em setembro de 2914, tem a função de decepar a liderança dos que defendem o respeito à soberania popular.
Como o Ato Institucional # I de 1964, que dizimou os líderes do trabalhismo de Jango.
Mandou a soberania popular para o exílio.
Depois, o AI-5 mandou os remanescentes para covas rasas.
E seus agentes foram graciosamente anistiados por esse mesmo Supremo que agora vai algemar o Dirceu.
O Conversa Afiada considera bem-vinda essa crise aberta entre os defensores da soberania popular e os defensores da Monarquia.
Gilmar não tem o biotipo de Luís XVI ?, amigo navegante ?
A arrogância !
A presunção !
Não parece dizer ao Lula: “coma brioche !”
Gilmar diz o que o Fernando Henrique não tem coragem de dizer.
Mas gostaria.
Quem vai com mais frequência à rua Lopes Quintas, à Vênus Platinada ?
O Fernando Henrique, o Cerra, o Aécio ou o Gilmar ?
Na hierarquia brasileira funciona assim: o Renan e o Henriquinho vão à casa do Gilmar.
Outros, num degrau acima, vão à casa dos filhos do Roberto Marinho.
Manda quem pode …
O Conversa Afiada torce pela crise aberta.
Quer ver o circo da crise política pegar fogo.
Expor as vísceras, conhecer as tripas de todo lado.
As do lado de cá e as do lado de lá – clique aqui para ler “Fernando Lyra, o importante e o rumo”.
O gênio saiu da garrafa.
Saiu no julgamento do Mentirão, um tiro no pé.
Os 18' do jornal nacional abriram senha: “tal dia é o batizado” para destruir o PT.
E, com o troco, fecha-se o Congresso !
O sangue derramado para construir a Democracia brasileira foi inútil: será sanitariamente lavado pela Comissão da ½ Verdade, que não ousa enfrentar Tio Sam.
Está na hora de Nazareno Fonteles, Marco Maia e Fernando Ferro assumirem o controle político dos que não aceitam o sequestro da soberania popular.
À Bastilha, senhores !
Que venha a crise !
Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(***) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.
(****) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.