PIG

Você está aqui: Página Inicial / PIG / 2013 / 08 / 05 / Globo usa Amarildo para atingir Dilma

Globo usa Amarildo para atingir Dilma

Amarildo é a crise enquanto o Ataulfo e a FGV-Rio não enforcam o Dirceu.
publicado 05/08/2013
Comments

A GloboNews, a emissora das suaves apresentadoras, apresentou a nova estrela: Fernando Gabeira.

Gabeira estreou com uma “reportagem”- editorial contra o Cabral, o Beltrame, o Lula e a Dilma:

Saga do pedreiro Amarildo marca estreia de Fernando Gabeira na GloboNews


Leia no Globo, serenas e sensatas declarações do Secretario de Segurança José Mariano Beltrame:

Beltrame diz que decreto que anistia policiais militares pode ser revogado


(...)

Caso Amarildo:

“O desaparecimento do pedreiro Amarildo (de Souza) é doloroso para a família e a sociedade. A Delegacia de Homicídios está trabalhando na Rocinha, com 15 a 20 homens, para elucidar o caso. Todas as denúncias e especulações estão sendo analisadas. É o papel da polícia fazer com que as denúncias virem ou não uma verdade. Mas afirmo que temos que ter cautela.”

Imagem das UPPs:

“Não acredito que a imagem das UPPs foi afetada. Tivemos dois incidentes graves e sérios em duas comunidades (Rocinha e Alemão) e estamos apurando. Hoje a polícia trabalha nestas comunidades sem disparar um tiro. Quando, há seis anos, um agente poderia fazer uma perícia ali? Era inviável. Ainda existem problemas nas comunidades com UPPs, mas a situação é infinitamente melhor.”

Rejeição da população:

“É compreensível que alguns moradores sejam contrários à ocupação policial até hoje. A população tem uma memória traumatizada pelo poder ditatorial do tráfico. Os traficantes banalizaram a vida. Valia a regra do ‘eu te mato, eu te expulso’ para qualquer coisa. Superar isso requer tempo. Mas o pior é ficar 30 anos sem fazer nada.”

Navalha

O destino de Amarildo é questão gravíssima, ainda mais se se confirmar a suspeita de que tenha desaparecido nas mãos de policiais lotados na UPP da Rocinha.

A Delegacia de Homicídios do Rio tem que dar uma satisfação à sociedade, com o esclarecimento do mistério.

Para isso, a Delegacia deve usar todos os instrumentos ao alcance de uma Polícia profissional – como a do Secretario Beltrame - , que opera no âmbito de uma Democracia.

Esclarecer o desaparecimento de Amarildo e de todos os trabalhadores que desaparecem nas mãos da Polícia.

Especialmente no Rio e em São Paulo, onde Caco Barcellos, por exemplo, fez levantamento minucioso e constatou que os mortos não chegam a ser identificados.

Morrem e somem, sem nome.

Amarildo pode significar uma nova era no comportamento da Polícia – do Rio e de São Paulo – onde a vida de um pedreiro valha tanto quanto a de um cachorrinho de madame no Leblon ou em Higienópolis …

Porém, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, diria o Juarez Soares, filosofo heideggeriano.

Uma coisa é o desaparecimento do Amarildo.

Pedreiro, negro, morador numa favela.

Outra é a instrumentalização da Globo.

A Globo elegeu o Amarildo a “crise” da vez.

Por que ?

Porque interessa à Globo desfazer o Sergio Cabral.

Desmanchar o Rio.

Desmoralizar as UPPs.

E o Gabeira é excelente veículo para os três propósitos.

Gabeira tem cabedais tão legítimos para desvendar a morte do Amarildo quanto a do Presidente Kennedy, em Dallas.

Foi Lee Oswald, Gabeira ?

Tem certeza ?

Oito em cada dez americanos acham que não.

Gabeira é um ex-petista.

O que só não é melhor para a Globo que um ex-comunista, como o Roberto Freire.

Gabeira é um arrependido militante da luta armada – um pitéu, para a Globo.

Gabeira é da bancada dos “éticos”.

Gabeira enfrentou o Eduardo Paes/Cabral na campanha para prefeito e quase ganhou.

Gabeira é uma celebridade.

Um Narciso discreto.

Por que desmontar o Cabral ?

Porque o Cabral fez um bom Governo.

Fez um bom Governo porque o Lula o bancou.

Cabral e Eduardo Campos – que hoje milita no campo da Big House (clique aqui para ler sobre o Eduardo Campriles) - são os governadores que mais devem a Lulilma.

Desmontar o Cabral é desmontar o Governo Lulilma.

A UPP só foi possível por causa da Dilma e do Lula.

A UPP é exemplar.

Modelo a ser copiado mundo afora.

Desmoralizá-la é desmoralizar o Lula e a Dilma.

Eduardo e Cabral devem a Lulilma a indústria naval e uma pequena empresa que passou a comprar no Brasil – do Rio e de Pernambuco -, uma tal de Petrobras.

O Cabral se arrebentou porque teve alguns defeitos capitais: governou para agradar a Globo – e a Globo não tem amigos, mas interesses – e, como o FHC e o Aécio, é do tipo de político que gosta de rico.

Foi fácil desconstruí-lo pelo lado da Arrogância do Poder, da frivolidade, do deslumbramento, da insensibilidade, da distancia do povo, do apartamento no Leblon na quadra da praia, da casa em Mangaratiba.

Agora, lamentavelmente, para se recompor com a Big House – exercício inútil – ameaça rever e desfazer algumas obras de seu bom Governo.

Não adianta.

Pode até merecer umas notinhas no Ancelmo, mas, cedo ou tarde, a Globo e o Gabeira pegam ele.

Hoje, a crise é o Amarildo.

Não deve durar muito.

Já, já, o Supremo, o Ataulfo Merval (*) e a FGV-Rio começam a julgar o mensalão.

Agora, sem a presença do brindeiro Gurgel, que foi capaz de passar a mão na cabeça do Cunha e dos malfeitos.

Mas, talvez o mensalão ofusque o Amarildo.

Quando, então, o Gabeira, o Catão de crochê, tratará do Dirceu e dirá “o que é isso, companheiro ?”

 

 

Clique aqui para ler "Escândalo: quem manda na SECOM ? Dilma ou FHC ?".


Paulo Henrique Amorim




(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".