Bláblárina: privilégio ela não vai ter
O passarinho voou, voou, voou lá de Brasília, enfrentou a chuva, pousou aqui na janela de casa e disse:
“Privilégio a Bláblárina não vai ter”.
Mas, a que tipo de tipo de privilégio o amigo se refere ?, perguntou o ansioso blogueiro.
“Qualquer privilégio. Ela vai ser tratada como todos os outros partidos. Dura lex sed lex, no cabelo só Gumex !,” respondeu, levianamente, o interlocutor.
“Quer dizer que ela ser aprovada com umas 50 mil assinaturas penduradas, à espera de confirmação, nem isso ?
“Nem isso nem aquilo. Privilégio ela não vai ter”, disse o passarinho com ênfase.
“Ela vai ter que estar 100% dentro da Lei.”
Então, o que foi que aconteceu ?, perguntou o ansioso blogueiro.
Com todo esse prestígio na Economist, no Ataulfo Merval de Paiva (*), e morrer na praia ?, perguntou.
“É a falsa modéstia, meu querido”.
E explicou.
“Modesta por fora e arrogante por dentro.”
Ela começou tarde, explicou o passarinho, especialista em legislação eleitoral.
Achou que o Brasil ia se curvar diante dela, ia correr para assinar a petição e implorar para ela se vingar da Dilma.
O ansioso blogueiro resolver insistir.
Mas, isso deve ter raízes mais profundas, passarinho.
“Sim, a Bláblárina não conhece as manhas da Big House. A Big House deixa que uns passem da porta cozinha e entrem na sala. Se você sai da cozinha, entra na sala e pensa que é o rei da cocada preta, quebra a cara. Porque a Big House só deixou você passar para que os outros, os que ficam na cozinha, na lavanderia, no quintal, na garagem pensem que, um dia, podem chegar à sala ...”
Passarinho filósofo...
Paulo Henrique Amorim
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".