1964, o ano que não terminou
1968 foi o ano que terminou.
No Maio de 1968 na França e em seus desdobramentos mundo afora – no Brasil, inclusive.
Ficou um retrato na parede.
Discuti-lo em 2014 ou em 2018 será uma reflexão de intelectuais – ou pseudo …
1968 não tem nada a ver com o que se passa hoje.
Está lá, dentro de uma caixa.
Embrulhado em Verdes.
1964 não terminou.
A “descomemoração” dos 50 anos do Golpe permitiu, primeiro, reconstruir a imagem de Jango. (Clique aqui para ir ao “Dossiê Jango”.)
Não se viu ninguém escrever ditirambos a Castello, Costa e Medici, nem, sequer, a Geisel e Golbery, o sacerdote e o feiticeiro da fundação da Democracia brasileira...
Ao contrário, os 50 anos permitiram reavaliar responsabilidades e sobressaiu-se a dos Estados Unidos no “dia que durou 21 anos”.
Mas, o debate sobre 1964 não está encapsulado na História.
Está vivo.
As reformas de base, magistralmente descritas pelo professor Gilberto Bercovici.
A tentativa de fazer Reforma Agrária para criar um mercado de massa.
A incorporação dos pobres, analfabetos e sargentos à vida política – e eleitoral .
A política externa independente.
O papel central da Petrobras na industrialização do Brasil.
O papel do Estado na Economia – mínimo, tão pequeno que se possa afogar numa banheira; ou indutor, financiador, líder, como em Vargas ?
Está tudo aí, nos debates deste dia – clique aqui para ler sobre a Odebrecht e os economistas de bancos.
E o que precisa ser reavaliado, até pelos janguistas e brizolistas: a Ley de Medios, cujos contornos Jango definiu ao apor 52 vetos – todos recusados – ao projeto de um Código Brasileiro de Telecomunicação, que veio do Congresso, sob a liderança de João Calmon, empregado de Chateaubriand.
A Abert, que, hoje, é um braço desarmado da Globo Overseas, foi fundada para celebrar a derrubada dos 52 vetos de Jango.
E o que há de mais atual, que a necessidade de uma Ley de Medios, para substituir esse Código de 1962 (!!!), e que está em vigor até hoje ?
(Onde não há lei, o leão reina, não é isso, Gilberto Freire (*) ?)
Clique aqui para ler "Barbosa quer Ley de Medios e peita a Globo".
E aqui para ler "Venício: em defesa da democratização dos meios de comunicação".
Há uma diferença Central (com caixa alta, por favor, revisor, obrigado).
Uma diferença Central entre 1964 e 1968.
Em 1964 tinha trabalhador na rua.
Na Central.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.