Jornalista entrevista Marinho e se esquece do DARF
O ansioso blogueiro incumbiu seu editor de assistir à integra de uma rara entrevista que um dos filhos do Roberto Marinho - eles não têm nome próprio - concedeu a um jornalista.
Com a leitura de trechos da entrevista se percebe por que o filho do Marinho se prestou à rara entrevista.
Foi um caso de "risco-zero".
Como diz o Mino Carta, no Brasil, os jornalistas são piores que os patrões...
Sobre a falta de pluralidade da imprensa, com viés direitista
O filho acha injusta a crítica, já que, para ele, "os jornais procuram ter essa diversidade". E dá como exemplo o seu O Globo.
"Dentro do Globo tem opiniões divergentes"
E cita colunistas. Chega a contrapor a Urubóloga ao dos múltiplos chapéus. Além de Jabor, Rodrigo Constantino, Paulo Guedes, Paulo Delgado, Veríssimo e Francisco Bosco.
(Sintomaticamente, ignora o Ataulfo Merval de Paiva (*)...)
Considera O Globo um jornal liberal, pois foi favorável ao aborto, pesquisa com células-tronco, defesa de minorias e casamento de pessoas do mesmo sexo.
"Tenho dificuldade em definir "liberal" e "conservador". "
Disse que desde Geisel houve aumento da presença do Estado na vida do cidadão.
Empresas dependem do BNDES.
(A Globo só não depende porque o então Presidente Carlos Lessa não emprestou, quando ela estava falida.)
"O capitalismo no Brasil está em um caminho ruim pela presença do Estado. A carga tributária aumenta sistematicamente."
(Que criatividade ! Que originalidade !)
Negou que a imprensa tenha imunidade de impostos, exceção feita ao imposto do papel, "para não virarmos uma Argentina". "Todos os impostos a imprensa paga".
Não falou do DARF.
Nem o jornalista perguntou.
Como também não perguntou sobre o conluio com o regime militar e, depois, a hipócrita mea-culpa.
Sobre a Ley de Medios
É contra ! Ele acredita na preferência do leitor ou telespectador.
Para ele, impedir jornais de ter televisão ou propriedade cruzada enfraquece os periódicos e obriga os menores a serem engolidos pelos mais fortes.
Diz que cada país tem suas características.
(Brilhante ! Solar !)
"Não se compara o que a imprensa na Inglaterra faz".
Acha que um órgão só no Brasil poderia gerar problema. Acredita na defesa de concorrência feita pelo CADE e no Ministério da Justiça que analisa a qualidade da programação da TV.
(Quá, quá, quá ! Só ele acredita que o zé da Justiça lute pela pluralidade nos meios de comunicação ...)
Sobre a crise da imprensa, não a atribui somente à internet, já que havia uma tendência de fusão de jornais pelo mundo. "Ela ajuda e atrapalha ao mesmo tempo"
Diz que jornais e revistas perdem espaço no bolo publicitário e precisam se adequar.
(O jornalista não ousou perguntar sobre a queda da audiência do jornal nacional do Fintástico e da Globo, em geral. É um cavalheiro elegante !)
No cabo e no digital, não, já que "Globonews e G1 vão muito bem, contratando e com uma redação boa."
Diferencia O Globo dos jornais paulistas, que teriam adotado uma cadernização de assuntos, o que criou custos desnecessários e fragmentou a leitura.
"O Globo, não. Na reforma, apostamos no aprofundamento (sic) do que é relevante".
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".