PiG (*) tenta, mas o Golpe falha
Saiu no Tijolaço:
Os filhotes “rebeldes” da direita têm menos culpa que seus “papais” da mídia
Sobrou, com todo o merecimento, para os black blocs o saldo das confusões de ontem.
De fato, eles fazem jus ao que se tornaram hoje, diante de todos: um bando de babacas pueris que age com métodos fascistóides e se incrustraram nas manifestações udenistas das quais os coxinhas cansaram.
Mas tem de ficar clara, também, a responsabilidade dos “papais” dos meninos mal-comportados: a mídia e a oposição.
Não passaram a semana inteira falando das “maiores manifestações” que o país assistiria no Sete de Setembro?
Não deram não sei quantas centenas de molhares de pessoas “confirmadas”?
O que (não) aconteceu?
O jornalismo brasileiro vai se tornando, cada vez mais, mera peça de propaganda.
E os jornais, em si, meros “black blocs” nas bancas, ocupados em acusar, agredir e destruir,
Sua cobertura de política é a do moralismo udenista, que aponta todos os ladrões que não sejam os seus, como se viu no caso da sonegação da Globo e no tucanoduto da Siemens..
O jornalismo de economia varia entre prever o caos, a catástrofe e o desastre.
A de acontecimentos da vida cotidiana, apenas celebridades, sexo banal e insensibilidade para com o sofrimento diário da população, como no caso dos médicos cubanos.
Têm a mesma rasíssima profundidade que qualquer cabecinha black bloc. Tão dona da verdade quanto eles.
Na TV, o panorama é pior. O padrão é Ratinho, Datena e Pedro Bial. A solução para a infância é o Criança Esperança, um espécie de McDia Feliz televisivo.
Ah, esqueci: temos o “você decide” no STF, com o julgamento do mensalão.
Francamente, estamos mal para uma “imprensa livre”, não é?
Agora há pouco, meu parceiro Miguel do Rosário mostrou a semelhança do que fizeram com as manifestações de agora e o que faziam, quase 50 anos atrás, para derrubar um governo progressista.
Foi muito parecido ao que os brasileiros já viram. E só mesmo sendo tolo ou pretensioso, deixa-se de ver que ali está o velho, fazendo-se de novo.
No lugar dos véus das carolas, máscaras, no lugar dos estandartes da TFP, a bandeira preta, no lugar das velhas senhoras, jovens tão incapazes de aceitar os outros quanto elas eram.
Saem da mesma classe média, tem o mesmo discurso de uma suposta “moralidade” – que nunca inclui no rol das imoralidades a exploração humana, a injustiça social ou a dominação colonial.
Congregados piedosos ou depredadores insensatos existem em qualquer sociedade e em qualquer tempo.
E, em qualquer tempo, são os interesses dominantes, que a mídia expressa e promove, que os fazem descer à insignificância ou se tornarem ferramentas de seus projetos.
A mídia brasileira manipula muita coisa.
Manipula, sobretudo, os idiotas.
Porque o conservadorismo é tão disforme e horrendo, que não pode se mostrar de cara limpa.
Usa véus, usa máscaras.
Que alguma hora caem.
Por: Fernando Brito
Em tempo: ainda sobre este assunto, o Conversa Afiada indica a leitura de texto do Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
O Gigante está ficando sóbrio
Certos grupos políticos amanheceram, no domingo, de cabeça inchada, tal qual o torcedor de futebol que, no dia anterior, viu seu time ser goleado. Apostaram que 7 de setembro marcaria a interrupção da recuperação de popularidade pelo governo Dilma, bem como pela própria, por obra e graça de imensas manifestações que voltariam a ocorrer no país.
Ao longo das últimas semanas, a blogosfera e as demais redes sociais foram inundadas por comentários de militantes políticos de extrema-direita – e, também, de partidos que se intitulam “de esquerda” mas que fazem a alegria da direita, tais como PSOL e PSTU – que anunciavam o apocalipse para o que chamam de “governismo”.
As primeiras páginas dos grandes jornais no “day after” do pretenso “dia do juízo final para o PT”, entretanto, coroaram o rotundo fracasso da tentativa da centro e da extrema-direita e de seus aliados na “esquerda que a direita adora” de conseguirem, por meio de protestos de rua, o que as urnas vêm lhes negando ao longo da última década e no limiar desta.
(...)
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.