Dr Roberto: a seleção não é a Globo de chuteiras !
Através da precária conexão da BrOi, perto de sofrer um 7 a 1, o ansioso blogueiro tem conseguido manter contatos mediatos com Edil Fo., o melhor jornalista esportivo do Brasil, como se sabe.
(Dentro os mortais, a verdade seja dita, o Paulo Calçade é quem sempre teve razão: o Felipão não dá !)
Agora, com a mesma conexão, ainda que intermitente, o ansioso blogueiro localizou num dos degraus infernais do Dante (não o de Munique, mas o outro, de Florença), o Dr Roberto Marinho, aquele cujos filhos não têm nome próprio.
- Dr Roberto, o que o senhor achou da seleção ?
- Essa pergunta é inútil. Outra. Não perca o seu tempo. A conexão no Brasil é a mais cara do mundo.
(Clique aqui para ler "A privatização é um embuste. (Na Inglaterra)")
- O senhor tem razão. Então, vamos lá: o que o senhor acha da Globo na Copa ?
- Um desastre ferroviário, como diz o teu amigo Mino Carta.
- Por que, Dr Roberto ? O que o senhor tem contra o Tiago Leifert, o Luciano ?
- Não sei quem são.
- Mas, por que o “desastre” ?
- Ora, meu filho, por que associar a marca Globo, esse Patrimônio da Humanidade a um desastre, a um apagão, a um tsunami ?
- Mas, e se ganhasse ?
- Mas, perde mais do que ganha … Não é isso ?
- É, o senhor tem razão … Então, não fica mais com a exclusividade ? Entrega ?
- Entrega ! Divide, sub-loca, vende, empresta, licencia – o que quiser !
- Mas, e o faturamento, a grana do Itau ? Isso vale ouro.
- Vai buscar noutro lugar. Não posso entregar meu logo, a minha credibilidade, a confiança que o mercado publicitário tem em mim ao Felipão, ao Parreira, ao Marin e ao Del Nero… Quando a seleção de vôlei perde, a Globo não perde …
- Mas, Dr Roberto, futebol é futebol, vôlei é vôlei...
- É porque a Globo fez assim … Para a Globo só tem futebol. Se a seleção ERA o Brasil de chuteiras, no tempo do Nelson Rodrigues, não é mais.
- Como o senhor demonstra isso ?
- Com o Mané Garrincha cheio, com a torcida toda de amarelo, com o Hino Nacional a capela, mesmo depois dos 7 a 1.
- Mas, isso não é a pátria de chuteiras ?
- Não, isso é o orgulho, muito justo do povo brasileiro.
- Quer dizer que senhor acha que foi a Copa das Copas ?
- É óbvio. Só quem não viu isso foi esse Salim Campbell...
- Ali Kamel, Dr Roberto.
- Não sei quem é … O que eu sei é que a Globo não pode se pendurar numa seleção que ela controla, mas não tem o poder de entrar em campo e fazer gol. Simples.
- Separar a empresa de uma seleção de futebol.
- Claro. Eu fiz a Globo. Não fiz a CBF ! Como é que eu vou vender o meu horário nobre se ele foi poluído por um 7 a 1, por um três a zero ?
- Mas, e o Neymar ? Ele não poderia resolver tudo e a sua opinião seria outra ?
- Mas, que Neymar ? Eu lá vou hipotecar meu patrimônio empresarial nos pés – ou na cabeleira – de um meninote de 22 anos ? A Globo endeusou ele. Nem a Gloria Menezes, o Tarcisio, a Regina Duarte … E ele não é nosso funcionário. Não mandamos nele. E quem disse que ele é tudo isso ? O Galvão ? Tem que ver. Tem que esperar. Mas, isso é problema da CBF. Não é da Globo ...
- E daqui pra frente ?
- Devíamos cobrir a seleção como um evento normal. Nada de dar 99% do tempo do Jornal Nacional à seleção. Derrubar a programação. Enfiar a seleção até no Globo Rural. Matar de trabalhar aquela menina …
- A Fernando Gentil...
- Parece que é. Trabalhou mais do que todos os meus filhos juntos, num ano …
- Calma, Dr Roberto … Mas e o Brasileirão ?
- Você tem razão. É o Brasileirinho.
- O que a Globo deveria fazer com ele ?
- Jogar no lixo ! Derruba audiência e o faturamento vai murchar.
- Mas, deixar de cobrir, de uma hora pra outra ? E os clubes ?
- Não cobre. Não cobre. Compra um jogo aqui, um Flamengo ali, um Corinthians lá e dá o resto pro Johnny Saad. Ele não tem programação, mesmo ...
- Mas, e os clubes ?
- Os clubes pagam a minha conta ? A gasolina do jatinho dos meninos ?
- Vai ser outra Fórmula 1 ?
- Vai ser, não ! Já é ! É um torneio interminável sem nenhum jogador de seleção.
- Tem o Fred.
- Desculpe, não ouvi bem...
- Mas, Dr Roberto, e a cobertura em si da Copa, a equipe do Galvão … não se saiu bem ?
- Bem que o Armando me dizia (Armando Nogueira que foi diretor de jornalismo). Não se pode deixar o Galvão aparecer no vídeo.
- Mas, ele é tão simpático.
- É ? Não é o que a gente ouve nos estádios …
- O senhor vai aos estádios ?
- Me contam, meu filho.
- Mas, o que fazer com o Galvão ? Ele é um patrimônio da casa.
- Oferece um jantar pra ele. Um jantar da gala no Copacabana Palace. De smoking. Já pensou vestir um smoking no Ronaldo ?
- Por que essa crueldade, Dr Roberto ?
- Mas, é porque o rosto dele, a voz dele, aquela mão esquerda incontrolável, tudo isso se associou definitivamente à seleção. O Galvão e a seleção são a mesma coisa. Eu detesto aquele “amigos da Rede Globo” !
- Por que, Dr Roberto ?
- Porque quem sabe quem são os amigos da Rede Globo sou eu …
- Pensando bem ...
- Se eu quero me livrar da seleção, tem que mandar o Galvão no mesmo avião do Felipão …
- E o senhor acha que os seus filhos vão seguir a sua orientação.
- Não.
- Não ?
- Não. Eles são um caso perdido.
- Por que, Dr Roberto ?
- Porque foram incapazes de entender o que mudou depois que eu faltei.
Pano rápido.
Em tempo: Como se sabe, Galvão entrou para a história das Copas do Mundo na África do Sul, quando a Holanda empatou com um gol do Sjnaider: "a coisa já esteve melhor para a seleçao brasileira".
Jenial !
No constrangedor Holanda 3 vs 0 Brasil, ele se manteve à altura de sua internacional reputação:
“As coisas começam mal”
“Talvez a Holanda não esperasse um gol assim tão cedo”
“Caio, um gol do Brasil seria importante, não ?”
“Impressiona o número de gols tomados”
“Tô até evitando falar disso”
“Holanda vai ficando merecidamente com o terceiro lugar”
“Expressão dos jogadores brasileiros no banco de reservas é muito mais circunstancial”
“Parreira está sentado”
“Terceiro gol mostra toda a fragilidade da seleção”
“As coisas não tomaram o caminho certo”
“Holandeses treinavam bastante”
Viva o Brasil !