Lula: a histeria que tinham contra Getúlio tem hoje
Isso é ódio de classe!", diz Lula
publicado
22/10/2014
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No Sul 21:
“Esse ódio ao PT parece ódio de classe”, diz Lula em ato com militantes no centro de Porto Alegre
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Porto Alegre nesta quarta-feira (22) para participar do último grande ato da campanha de reeleição de Tarso Genro (PT) e de Dilma Rousseff (PT) na capital gaúcha. A mobilização mostrou a força popular que o partido tem ao reunir cerca de cinco mil militantes no centro da cidade a partir do meio-dia, debaixo de um calor de quase 30 graus.
As ruas do centro foram tomadas por bandeiras do PT e dos partidos da Unidade Popular pelo Rio Grande (PT, PTC, PC do B, PROS, PPL, PTB e PR), que andaram desde a Praça da Alfândega até a Esquina Democrática, onde Lula e Tarso se uniram ao ato, e foram até o Largo Glênio Peres para ouvir os pronunciamentos dos políticos. Durante o manifesto, militantes entoavam “Olê olê olê olá, Tarso, Dilma” e “Um, dois, três, quatro, cinco, mil, é Tarso no Rio Grande e Dilma no Brasil”. Ao final do ato, grande parte seguiu para a frente da Rádio Guaíba, onde o governador participava de um debate.
Além de Lula e Tarso, quem também foi muito saudado pela militância foi Olívio Dutra (PT), que no primeiro turno foi derrotado nas eleições para o Senado. Em sua fala no pequeno carro de som que aguardava o ex-presidente, Olívio pediu que cada pessoa “construa conscientemente seu voto” e defendeu uma “mobilização permanente para defender esse projeto coletivo que está mudando o Brasil”. O prefeito de Canoas e coordenador da campanha de Tarso na região metropolitana, Jairo Jorge (PT), discursou também antes da chegada de Lula e Tarso. “Não queremos mudança para pior, não queremos retrocesso. Queremos continuar com Tarso”, afirmou.
Na chegada de Lula, um pouco depois do meio-dia, os militantes começaram a gritar seu nome e se apertavam para tentar ver e tocar no ex-presidente, que passou pelo meio da multidão até chegar no carro de som. Com Tarso, Olívio, a candidata à vice Abgail Pereira (PCdoB) e Jairo Jorge, o carro seguiu até o Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público, onde uma estrutura maior estava montada. Lá, Abgail foi a primeira a falar, dizendo estar “extremamente emocionada de estar aqui ao lado de Olívio, ao lado do governador que liderou o estado para ficar de frente para o Brasil, Tarso Genro, e ao lado deste herói do povo brasileiro, Lula da Silva”.
Já com o Largo lotado de militantes, Tarso assumiu a palavra e começou dizendo o que tem falado ao final de debates: “Eu digo que represento aqui Lula e Dilma. Sou membro do Partido dos Trabalhadores, me orgulho disso e me orgulho de estar nessa aliança”. Ele criticou seu adversário, José Ivo Sartori (PMDB), que alegou não querer “estabelecer identidade partidária, identidade ideológica, nem programática”. O governador mencionou feitos de seu governo, como os Plano Safra, o fim do arrocho salarial para servidores e a queda do desemprego. “Hoje o Rio Grande tem o menor desemprego em 24 anos. Os programas sociais estão tirando o estado do atraso, com uma chuva de investimentos que nunca se viu”, colocou.
Tarso ainda falou da Metade Sul do Estado, que sempre foi considerada mais pobre e que hoje está “puxando o desenvolvimento” do estado. “O nosso adversário diz que vai cortar gastos. Eu digo que colocar dinheiro em saúde e educação não é gasto, é investimento”, afirmou, exemplificando com o ProUni, que o presidente Lula “disse que não é custo, é investimento”. Ele também pediu que os militantes não se impressionem com pesquisas e disse que o PT “sempre cresce nos últimos dias”. “Queremos mostrar que o Rio Grande não se ajoelha para o neoliberalismo, não quer ser governado por alguém que não quer olhar para o passado, nem falar do presente, nem tem proposta para o futuro”, criticou.
Fala mais aguardada do evento, Lula discursou por cerca de 20 minutos, começando com uma brincadeira sobre futebol. O ex-presidente disse que achava que não seria bem recebido após a vitória de seu time, Corinthians, sobre o Inter, no domingo (19). Seu discurso foi centrado nas políticas feitas nos últimos 12 anos e destacou que não entende o “ódio ao PT” de parte da sociedade, além de falar sobre a história do Rio Grande do Sul. “Eu tenho lido muito nesses quatro anos e vejo que acontecem coisas que não são novidade, já aconteceram no Brasil. Acabei de ler a biografia de Getúlio Vargas e percebi que a mesma histeria que tinham contra o Getúlio tem hoje (contra Dilma)”, ponderou.
Ele também mencionou a imprensa, “democrática e livre”, que segundo ele faz campanha contra o PT, citando uma revista norte-americana de mercado financeiro, que fez uma reportagem dizendo que Dilma “tem que sair”. “Isso é porque Dilma não é a candidata dos banqueiros, é a candidata do povo brasileiro”, afirmou, sendo muito aplaudido. Sobre os problemas de educação no Brasil, Lula comparou com outros países, lembrando que no Peru a primeira universidade foi aberta em 1507 e na Bolívia em 1624, enquanto no Brasil apenas em 1930.
“A única razão para isso é que a elite podia mandar seus filhos estudarem na Europa e filho de pobre não tinha que querer estudar, tinha que ser pedreiro. Precisou um operário chegar na presidência da República para fazer mais universidades em oito anos do que eles fizeram em 70″, disse, afirmando que os pobres “querem educação e saúde de qualidade”. O público que acompanhava o ato começou a gritar “Lula! Lula! Lula!” enquanto o ex-presidente dizia que com “os governos do PT as famílias da periferia podem mandar seus filhos para a universidade”.
Lula levantou hipóteses para o “ódio contra o PT”, que atribuiu ao fato de o partido “governar para os que mais precisam”. “Quando o filho de um trabalhador ia imaginar que ia estudar em Paris? Essa loucura contra o PT não é divergência política, parece ser um ódio de classe. Antes só o filho do rico podia ir pra Miami, hoje o filho do pobre também pode ir pra Miami ver o Mickey”, falou. Para ele, que criticou a ideia de choque de gestão, a real dívida do estado é “com o povo”.
O petista ainda criticou Sartori e Fernando Henrique Cardoso, dizendo que o estado não pode “permitir que haja retrocesso”. “Não consigo compreender essa aposta no escuro, essa coisa abstrata que não tem proposta”, afirmou. Ele lembrou a fala do ex-presidente tucano de que eleitores de Dilma seriam “desinformados”: “Como alguém pode estudar tanto e ser, ele sim, desinformado?”, indagou. “Ninguém fez mais do que nós pelo país e nós aprendemos a andar de cabeça erguida e agora não vamos mais abaixar a cabeça”, disse.
Pedindo que os eleitores “deem de presente de aniversário” a vitória de Dilma e Tarso para ele, que completa 69 anos na segunda-feira após as eleições (27), Lula finalizou colocando que voto em Aécio é “voto no retrocesso”. “Já perdi muitas eleições na vida, mas ganhei algumas. E pudemos provar que somos capazes. Eu queria pedir para vocês: só mais essa”, disse. Após a mobilização, os militantes seguiram para a esquina da Caldas Júnior com a Andradas, onde acontecia o debate entre Tarso e Sartori na Rádio Guaíba.
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