PiG defende o indefensável: as pesquisas
E o Globope e o Datafalha que "acertaram" na Bahia e no RS ?
publicado
25/11/2014
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O Conversa Afiada reproduz texto de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:
Os jornais defendem o indefensável: as pesquisas eleitorais
Pausa para gargalhar antes mesmo de começar.
Leio que a Associação Nacional dos Jornais, a ANJ, está inconformada com a possibilidade de que seja aprovada uma emenda que proíbe a divulgação de pesquisas 15 dias antes do primeiro e do segundo turnos.
A emenda deve ser votada ainda esta semana no Senado.
“É um retrocesso”, diz a nota.
A explicação para isso é hilariante. “A ANJ entende que as pesquisas têm sido um fator que contribui para o debate político e para o esclarecimento do eleitorado.”
Um momento.
Que contribuição é essa?
Me vêm algumas cenas marcantes sobre pesquisas nestas últimas eleições.
A revista Época, do grupo Globo, por exemplo, divulgou com alarido, nas redes sociais, que tinha a primeira pesquisa do segundo turno, quando se confrontavam, afinal, Dilma e Aécio.
E tinha mesmo. Só que era uma pesquisa que fazia exatamente o contrário do que afirma o ANJ: jogava os leitores numa escuridão absoluta.
Nesta pesquisa da Época, feita pelo Instituto Paraná, Aécio aparecia com uma vantagem virtualmente intransponível sobre Dilma, coisa de oito pontos porcentuais.
Aécio hoje estaria se preparando para subir a rampa do Planalto, com seu melhor terno e uma tintura básica na cabeleira preservada com discreto implante, caso houvesse qualquer coisa de verossímel na pesquisa que a Época anunciou triunfalmente.
Não havia.
Bem perto da eleição, no dia 24, a revista Isto É, como fizera a rival Época, também colocou Aécio na presidência. Apoiada no Instituto Sensus, a Isto É deu 54,6% a 45,4% para Aécio.
Os decimais, imagino, se prestaram a dar aparência de realidade ao trabalho fantasioso da Sensus e da Isto É.
Outro momento inesquecível no terreno das pesquisas se deu quando o próprio estatístico de um instituto, o Veritás, admitiu que Aécio usara dados “não representativos” para afirmar que estava à frente de Dilma em Minas – não apenas em um, mas em dois debates.
A sorte dos institutos é que a cada eleição as pessoas esquecem os erros grosseiros que cometeram na anterior, ou por incompetência ou por má fé.
Fora os números com frequência tão enganadores, há também o uso que a mídia dá aos resultados.
Com que frequência colunistas como Merval Pereira não viram, aspas, em dados de Dilma sinais inequívocos de um colapso iminente?
Isso não falar em coisas como dar manchete a uma pesquisa “amiga”, em que o candidato da casa aparece bem, e esconder em algum canto uma pesquisa “desagradável”.
Não.
As pesquisas têm servido muito mais para manobrar os eleitores do que para esclarecê-los, ao contrário do que diz a ANJ.
Num mundo menos imperfeito, em vez de as grandes empresas de mídia as defenderem sofregamente, as pesquisas estariam sendo investigadas com rigor.
Muitos institutos cometeram crimes eleitorais.
Não à toa, um dos próximos projetos de crowdfundind do DCM é exatamente este: revelar o obscuro universo das pesquisas eleitorais.
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