Até o México do PRI enquadrou a Globo
O México, como se sabe, é a ditadura perfeita, segundo Vargas Llosa.
O México é a nova arrebatadora paixão das agências de risco (americanas) e, portanto, dos neolibelês brasileiros, como o Bacha.
O México acaba de eleger um Presidente do PRI, Peña Nieto, um jovem com jeito de tucano paulista e que, portanto, contém o que há de mais conservador e entreguista na América Latina.
Um de seus primeiros atos foi vender a PEMEX, a estatal petrolífera mexicana que, por décadas, se confundiu com a independência política mexicana.
O México, hoje, não passa de um Porto Rico, um Panamá – grandes.
Mas, vai levar tempo até se tornar uma das estrelas da bandeira americana.
Tem que entregar muito mais para merecer a honra …
Pois, não é que o México, o México !, enquadrou a Globo de lá, a Televisa.
E o Slim, o segundo (depois do Bill Gates) homem mais rico do mundo !
O coxinha do Peña Nieto fez aprovar uma lei que estabelece o conceito “agente econômico preponderante”: aquellas empresas con poder sustancial en mercados específicos, con el que pueden influir en materia de precios y en la imposición de barreras a sus competidores
A figura “agente econômico preponderante” se aplica ao mercado de telecomunicações e radio-difusão em geral:
La figura de la preponderancia y su determinación es uno de los mandatos que la reforma constitucional en materia de telecomunicaciones, radiodifusión y competencia impuso al IFT, entre otras tareas que debe concretar en 180 días, a partir de su creación y que vencen el 9 de marzo de 2014.
(No Brasil, como se sabe, a lei de radio-difusão é de 1963, sancionada pelo grande presidente João Goulart, que vetou 33 artigos, todos derrubados por um Congresso Golpista e controlado pela TV Tupi, do Assis Chateaubriand.
A Globo foi criada depois e pelo Golpe de 1964.)
http://www.razon.com.mx/spip.php?article207837
http://aristeguinoticias.com/0703/mexico/televisa-es-agente-economico-preponderante-establece-ifetel/
Segundo a nova lei mexicana, as empresas terão que deixar de ser “preponderantes” sob a vigilância da Anatel de lá, o Instituto Federal de Telecomunicaciones (IFT).
(Aqui, como se sabe, as agências saídas do ventre da Privataria Tucana são desprovidas de dentes caninos e foram devidamente capturadas pelas empresas privadas, privatarizadas, melhor dizendo.)
A maior vítima da Ley de Medios mexicana é Carlos Slim.
O neolibelês Carlos Salinas de Gortari, que integra, com Fernando Henrique, o grupo de presidentes neolibelês que tentou vender a América Latina aos Estados Unidos, Salinas entregou a telefonia do México ao Slim.
Hoje, Salinas vive num bunker na Cidade do México e não sai na rua para não apanhar.
Em São Paulo, Fernando Henrique sai à rua e frequenta restaurantes argentinos, sem medo de apanhar.
No Brasil, Slim é o dono da Claro e da Embratel.
A Embratel ele comprou da americana MCI, que arrematou a empresa na Privataria e, junto, os satélites de comunicação.
Ou seja, Fernando Henrique vendeu aos americanos – e ao Slim - os satélites de comunicação das Forças Armadas brasileiras !
E levam ele a sério !
Slim também é dono da NET.
A NET era dos filhos do Roberto Marinho, os que não têm nome próprio.
Quando a Globo quebrou, o filho mais velho pediu “até sexta-feira” uma grana ao Slim.
Slim salvou a Globo e tomou a NET.
Com o compromisso republicano de exibir os conteúdos produzidos pela Globo.
(É por isso que a tevê por assinatura vai quebrar no Brasil, antes de ser importante: veja o vídeo esclarecedor na TV Afiada )
Slim gosta de meios de comunicação !
Claro, ele sabe onde se esconde o Poder.
(Só quem não percebe são os políticos trabalhistas – no Brasil.)
Slim é hoje o maior acionista individual do jornal New York Times: http://www.valor.com.br/empresas/3861236/carlos-slim-se-torna-o-maior-acionista-do-new-york-times
Foi assim.
Os herdeiros a família Sulzberger quase quebraram o New York Times.
O Slim fez um empréstimo salvador.
E …
Será que fará o mesmo com a Globo ?
Pode ser.
O Valdir Macedo já disse que não se interessa pela Globo – o passivo trabalhista é muito alto, apesar das 300 demissões no Globo.
Aqui no Brasil, dono da Globo, o Slim ia nadar de braçada, porque aqui não existe esse trambolho de “agente econômico preponderante”...
Aqui é Bônus de Volume na veia !
No México, a outra vítima é a Televisa, que explora uma preponderância equivalente à da Globo e à do Clarín, na Argentina, antes da chegada dos trabalhistas Néstor e Cristina Kirchner ao poder – Cristina dá de 7 a 1 na Dilma.
Como a América Móvil do Slim, a Televisa, que consegue produzir novelas piores que as da Globo e o Sílvio Santos compra, a Televisa vai ter que encolher, vender ativos, sair de mercados e deixar de ser preponderante.
É isso aí, amigo navegante.
Depois da humilhação diante da Argentina, do Equador, e do Uruguai, onde o Mujica disse que não queria ser escravo da Globo nem do Clarín, agora, nos envergonhamos com o México.
O México, a ditadura perfeita.
Não tão perfeita, porém, quanto a brasileira !
Paulo Henrique Amorim