A verdade é mole. A Globo não apoiou a ditadura!
O “projeto William Bonner” começou a ser exibido nessa segunda-feira, 20/04, no jornal nacional.
Será uma série de “reportagens” sobre a gloriosa carreira do jornal nacional a favor da Democracia!
É um exercício em hipocrisia !
A partir dos 7'43'' aparece um dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – para descrever o indescritível sofrimento da Globo com a ditadura.
O jornal nacional vivia com a baioneta dos militares nas costas.
A censura, sufocante.
(O Conversa Afiada recomenda a leitura do clássico “Cães de Guarda - Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988”, de Beatriz Kushnir, para ver como a Globo adotou um esquema especial de auto-censura, sob a batuta do Walter Clark e do Coronel Paiva Chaves, conhecido como Paiva Chivas.)
Alguns repórteres chegaram a descrever o suplício de conviver com as botas dos militares sobre os pescoços.
Era proibido falar em “fome” !
Você chegava à redação e descobria que não podia tocar num assunto que você ignorava completamente !
Lágrimas copiosas.
(Um comentário à parte ! O Bonner agora anda ! Que naturalidade ! Parece um coxo numa pista de gelo !)
A Fátima Bernardes suspendeu provisoriamente a tarefa de vender presunto para falar de “jornalismo” !
Ali estava o excelente repórter Ernesto Paglia, que não foi convidado a depor sobre o comício das Diretas que o Roberto Marinho mandou tratar como um convescote pelo aniversario da cidade de São Paulo.
O Caco Barcelos, outro craque, poderia depor sobre os cadáveres da ditadura nas covas rasas de São Paulo.
E que voz tinha o Heron Domingues, mestre dos mestres !
Tudo isso desaparece diante da desfaçatez de esconder a dura verdade: a Globo apoiou a ditadura.
E nela engordou !
Em tempo: lamentável que o “projeto Bonner” para os 50 anos jornal nacional tivesse omitido alguns dos responsáveis pela expansão e o sucesso – agora na casa dos 22 pontos de Globope … - do jornal criado e concebido pelo Armando Nogueira.
Armando foi tratado, assim, como se quase não tivesse existido – de favor.
E nenhuma menção à Alice Maria, pulmão direito e esquerdo do Armando.
O ansioso blogueiro, que por lá andou, faz questão de ressaltar, ainda, o papel de Evandro Guimarães e Raul Bastos, responsáveis pela montagem e preservação da rede nacional que o jn alcançou.
Sem os dois, o jn não saía do Jardim Botânico.
Mas, quem sabe, a série gloriosa se encerrará com a apologia do Gilberto Freire com “i” (ver no ABC do C Af), o mais poderoso Diretor de Jornalismo (sic) da história da emissora.
(O ansioso blogueiro trabalhou com os três que o antecederam ...)
O que explica muita coisa …
Paulo Henrique Amorim