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Antes de fechar, Globo tem que estancar a queda da receita

As asas do passaralho começam a farfalhar!
publicado 19/12/2017
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​O Conversa Afiada reproduz trechos da entrevista de Fred Kachar, diretor geral da Infoglobo Overseas a uma publicação de duvidosa reputação:

Redações de O Globo, Extra, Valor Econômico e Época estarão totalmente integradas em março

Societariamente, Editora Globo, Valor e Infoglobo serão uma única empresa a partir de 1º de janeiro

(... ) a partir de março, uma única redação, totalmente integrada, com quase 500 profissionais, produzirá O Globo, Extra e Época, dividida entre Rio, São Paulo e Brasília, mas todos num mesmo site (com as demais redações da Editora Globo e a do Valor Econômico, o time chega a 1.000 jornalistas); e (...) agora em 1º de janeiro, Editora Globo, Valor Econômico e Infoglobo passam a constituir societariamente uma única empresa, cujo nome, até o fechamento desta edição, ainda não estava definido. (...)

Ele também informou que a queda de receitas dos veículos impressos do Grupo Globo diminuiu, após ter chegado a dois dígitos em 2016; que o futuro da área está na combinação de atributos dos veículos para permitir a criação de produtos que geram receitas e que individualmente não seria possível (...)

Fred – (...) Nosso grande desafio hoje é estancar a queda da receita. Temos que achar uma fórmula, é inadiável. É claro que sempre há coisas a fazer em termos de redução de custos. Por exemplo: antes de vir conversar com vocês estava justamente analisando a melhor ocupação desse prédio, como podemos concentrar todo mundo aqui, economizar em aluguel de outras unidades. Mas redução de custo tem um limite. Se a receita não parar de cair – o que significa desenvolver com robustez novos canais de receita, porque os tradicionais vão continuar caindo, principalmente na mídia impressa – será impossível, o negócio não vai parar em pé. (...)

J&Cia – Em todos esses anos de cobertura desse mercado, essa é, salvo engano, a primeira experiência da Globo em ter um único diretor para Editora Globo, Infoglobo e Valor Econômico. Em que isso ajuda a organização e os próprios negócios?

Fred – Acho que é. No fundo, essa junção tem um viés estratégico grande. Pelo lado mais óbvio, a busca de eficiência, de não ter estruturas de custos sobrepostas, gente fazendo a mesma coisa em empresas diferentes (...)

J&Cia – O que o Grupo está pensando fazer geograficamente? Porque o Valor, a Editora Globo?

Fred – O nome Editora Globo vai desaparecer. Estamos a duas semanas da virada. No dia 1º de janeiro, societariamente, Valor, Infoglobo, Editora Globo, tudo isso vira uma empresa só. Não está definido ainda qual será o nome da nova empresa. Não sei mesmo. Contratei uma empresa para ajudar mas não cheguei a conclusão alguma. Quem sabe com o champanhe de final de ano, talvez um uísque, a criatividade aflore para descobrir qual é o nome (risos). Hoje não sabemos qual é. Temos duas sedes, Rio e São Paulo.

J&Cia – Vocês têm endereço novo lá no Rio...

Fred – Sim. Onde era a gráfica, no terreno da gráfica, é só atravessar a rua. A redação mais linda do mundo, aquele arquiteto é um abençoado. O que precisa estar em São Paulo? O grosso da área comercial, pois os anunciantes estão aqui. O que não significa que não haja uma grande área comercial no Rio, que lida com varejo local. Mas o grosso da área comercial está aqui em São Paulo (...) Onde a Auto Esporte vai ficar? Aqui. As femininas todas, Vogue, Marie Claire e Glamour, em São Paulo. (...) Onde vai ficar centralizada a minha área financeira? No Rio, porque a Infoglobo tinha os sistemas mais modernos e sofisticados. Então, juntamos tudo lá. O Jurídico? No Rio, porque o Jurídico do grupo está no Rio. O RH? Dentro do avião, porque a divisão de pessoas é igual, mil e poucas aqui, mil e poucas lá.

E a Época vai para o Rio no final de fevereiro, primeiro porque acreditamos que ela pode ficar tanto no Rio quanto em São Paulo. É uma revista nacional, mas temos agora uma oportunidade única de integrá-la à redação que faz Globo e Extra. Integrar Época a essa redação e com gente de backgrounds diferentes, formações diferentes. Precisamos elevar o nível do debate, o nível da criatividade e produzir uma revista melhor. Hoje ainda são separados. Muitas vezes é a mesma pauta no Globo e na Época, repetindo a mesma história. É muito importante trabalhar de forma integrada e definir claramente qual é a missão de cada produto. (...)

Estamos nos debruçando hoje sobre isso para dar clareza a essa redação, uma redação integrada de quase 500 pessoas que fará Globo, Extra e Época, dividida em Rio, São Paulo e Brasília, mas todos no mesmo site. (...) Hoje estão separados, mas a partir de março estarão todos juntos, com a clareza sobre qual é a missão de cada veículo, com debates de alto nível sobre as pautas e assegurando que não se entregue a mesma coisa ou parecida na revista e no jornal. (...)

J&Cia – Como é que você vai fazer com a equipe de Época, que hoje é grande aqui em São Paulo?

Fred – Estamos avaliando as pessoas, porque uma redação integrada e digital, com pleno conhecimento de que os hábitos de consumo numa sociedade digital são outros, demanda um profissional com um perfil especifico, primeiro de entender essa dinâmica. Depois, com capacidade de execução, capacidade intelectual de trabalhar uma pauta para diferentes veículos, a mesma pauta mas com abordagens diferentes, porque, se não, não há integração, eu finjo que integrei e lá dentro de cada mesa permanecem a equipe da Época, a equipe do Extra e a equipe do Globo. Por que precisamos ter uma redação integrada em São Paulo? Temos que cobrir política estadual e municipal, economia e mercado. As empresas estão aqui, a Bolsa está aqui e até a cultura, porque o Rio infelizmente se esvaziou e a Meca cultural do Brasil hoje é São Paulo. O resto... Não vamos cobrir esportes em São Paulo. Não é a missão desses veículos. O Globoesporte já cobre muito bem em São Paulo. (...) em vez de haver em São Paulo sucursal do Globo e uma equipe de Época, teremos uma grande sucursal com chefe de Economia e Mercado, com chefe de Política e com chefe de Cultura, ligados à mesa central no Rio, onde fica o comando da redação, de que a Ruth [Aquino] é a diretora Editorial.

J&Cia – Como será o aproveitamento do pessoal nesse processo?

Fred – A primeira coisa é o perfil. Porque existe aí uma coisa um pouco dura, mas é a realidade: as competências que nos trouxeram até aqui, e que eram muito importantes 20 anos atrás, são insuficientes. (...) Essa equipe tem gente que foi contratada em diversos momentos. Isso não significa que quem entrou há 20 anos não está apto. (...) Não importa a idade, o que conta é o modelo mental. (...) Estou contando tudo aqui para vocês porque acredito e as pessoas que estão comigo também acreditam. (...) Então, se você não acredita, acaba sendo infeliz no trabalho. (...)

J&Cia – Então, pode-se afirmar que, em termos numéricos, não haverá uma mudança muito grande?

Fred – Em São Paulo haverá, para um crescimento no Rio. Se somar hoje Globo e Época, em São Paulo, posso afirmar que haverá menos pessoas em março, mas se somar o que tem de Globo e Extra no Rio serão mais pessoas em março. No todo não haverá grande diferença. Mas, de novo: as pessoas têm de estar no lugar certo, não há razão para ter aqui atividades que são pertinentes ao quartel-general dessa redação. É por aí que vamos.

J&Cia – Como está a ideia de unir os veículos em torno dessa cobertura [Eleições], Valor, O Globo, revista Época...?

Fred - (...) Todos os diretores de Redação estão unidos em torno do presidente do Conselho Editorial e na definição do posicionamento que vamos ter de acordo com cada tema. O desdobramento, a execução disso, cabe a cada empresa. A mim cabe assegurar que o Valor e a redação integrada de Globo, Extra e Época trabalhem de forma complementar. Mas o alinhamento editorial vem de cima, não depende nem de mim. (...)

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