Empresários do PiG pediram publicidade ao FHC
Nogueira: a informação mais interessante dos Diários de FHC não virou notícia
publicado
03/11/2015
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:
A informação mais interessante dos Diários de FHC não virou notícia
por Paulo Nogueira
A informação mais interessante do primeiro volume dos Diários de FHC no governo não foi notícia.
FHC conta o que os empresários de mídia queriam dele assim que assumiu a presidência.
Não eram reformas políticas para modernizar o capitalismo brasileiro, não eram medidas que reduzissem a pavorosa desigualdade social, não eram sequer compadres nos ministérios.
Era publicidade.
Era, em outras palavras, o dinheiro do povo.
FHC dá até a cifra de publicidade do governo: 500 milhões de dólares anuais. É muito dinheiro, reconhece. Isso daria hoje quase 2 bilhões de reais.
Era isso que os barões queriam.
FHC não revela isso em tom condenatório, o que mostra que como intelectual ele é muito menos agudo do que imagina ser.
Não.
Ele fala como se isso fosse absolutamente normal: passar em doses colossais dinheiro do povo para as corporações de jornalismo.
Neste sentido, FHC foi menos que Jânio. Tão logo assumiu, em 1961, Jânio se incomodou com os subsídios que o governo – o povo – dava para a imprensa.
A publicidade, então, era muito menor. A maior manifestação de transferência de dinheiro público para os barões da imprensa se dava pelo “papel imune”. As empresas não recolhiam imposto sobre o papel usado para fazer jornais e revistas.
Num pronunciamento em rede nacional, com um catatau que era o Estadão de domingo nas mãos, Jânio denunciou a mamata.
Jânio duraria pouco depois disso. E o papel imune perdura até hoje.
Três décadas depois, era exatamente o dinheiro público que a imprensa queria de FHC, como ele candidamente narra na primeira parte de seus Diários.
E ele não via conflito ético nisso. Nem em ser amigo dos donos de jornais e revistas, ou de prepostos deles.
O jornalista Ricardo Kotscho, que foi assessor de Lula nos primórdios, conta um episódio que ajuda a entender a guerra que a Veja move contra Lula.
Kotscho disse que Roberto Civita lhe pediu que agendasse uma conversa com Lula. O objetivo era, previsivelmente, o dinheiro do povo. Civita queria mais publicidade para a Abril.
Não foi atendido na dimensão de seus desígnios, e o resto é história.
Porque é assim que a imprensa sempre reage quando a mão amiga dos governos não passa a ela dinheiro do povo.
Antes da etapa final de sua campanha contra Jânio, Carlos Lacerda, governador do Rio, foi a Brasília.
Pediu dinheiro público para sua Tribuna da Imprensa, que cambaleava nas mãos do filho.
Não foi atendido. E massacrou Jânio.
As coisas por mais que mudem jamais mudam no Brasil, não nos privilégios da imprensa.
E é isso que FHC deixa escapar em seu catatau. A imprensa quer é publicidade. Dinheiro público que vai dar em fortunas particulares que estão entre as maiores do país.
Ao morrer, Roberto Marinho era o homem mais rico do país.
Esta é a mídia brasileira. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, a imprensa se modernizou a partir de meados do século 19, com o fim dos subsídios públicos.
Os grandes barões, como Hearst e Pulitzer, brotaram de um capitalismo genuíno.
No Brasil, em pleno 2015, as companhias jornalísticas vivem ainda do dinheiro do contribuinte.
Por isso são tão ineficientes.
A informação mais interessante do primeiro volume dos Diários de FHC no governo não foi notícia.
FHC conta o que os empresários de mídia queriam dele assim que assumiu a presidência.
Não eram reformas políticas para modernizar o capitalismo brasileiro, não eram medidas que reduzissem a pavorosa desigualdade social, não eram sequer compadres nos ministérios.
Era publicidade.
Era, em outras palavras, o dinheiro do povo.
FHC dá até a cifra de publicidade do governo: 500 milhões de dólares anuais. É muito dinheiro, reconhece. Isso daria hoje quase 2 bilhões de reais.
Era isso que os barões queriam.
FHC não revela isso em tom condenatório, o que mostra que como intelectual ele é muito menos agudo do que imagina ser.
Não.
Ele fala como se isso fosse absolutamente normal: passar em doses colossais dinheiro do povo para as corporações de jornalismo.
Neste sentido, FHC foi menos que Jânio. Tão logo assumiu, em 1961, Jânio se incomodou com os subsídios que o governo – o povo – dava para a imprensa.
A publicidade, então, era muito menor. A maior manifestação de transferência de dinheiro público para os barões da imprensa se dava pelo “papel imune”. As empresas não recolhiam imposto sobre o papel usado para fazer jornais e revistas.
Num pronunciamento em rede nacional, com um catatau que era o Estadão de domingo nas mãos, Jânio denunciou a mamata.
Jânio duraria pouco depois disso. E o papel imune perdura até hoje.
Três décadas depois, era exatamente o dinheiro público que a imprensa queria de FHC, como ele candidamente narra na primeira parte de seus Diários.
E ele não via conflito ético nisso. Nem em ser amigo dos donos de jornais e revistas, ou de prepostos deles.
O jornalista Ricardo Kotscho, que foi assessor de Lula nos primórdios, conta um episódio que ajuda a entender a guerra que a Veja move contra Lula.
Kotscho disse que Roberto Civita lhe pediu que agendasse uma conversa com Lula. O objetivo era, previsivelmente, o dinheiro do povo. Civita queria mais publicidade para a Abril.
Não foi atendido na dimensão de seus desígnios, e o resto é história.
Porque é assim que a imprensa sempre reage quando a mão amiga dos governos não passa a ela dinheiro do povo.
Antes da etapa final de sua campanha contra Jânio, Carlos Lacerda, governador do Rio, foi a Brasília.
Pediu dinheiro público para sua Tribuna da Imprensa, que cambaleava nas mãos do filho.
Não foi atendido. E massacrou Jânio.
As coisas por mais que mudem jamais mudam no Brasil, não nos privilégios da imprensa.
E é isso que FHC deixa escapar em seu catatau. A imprensa quer é publicidade. Dinheiro público que vai dar em fortunas particulares que estão entre as maiores do país.
Ao morrer, Roberto Marinho era o homem mais rico do país.
Esta é a mídia brasileira. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, a imprensa se modernizou a partir de meados do século 19, com o fim dos subsídios públicos.
Os grandes barões, como Hearst e Pulitzer, brotaram de um capitalismo genuíno.
No Brasil, em pleno 2015, as companhias jornalísticas vivem ainda do dinheiro do contribuinte.
Por isso são tão ineficientes.