Globo encosta as gordinhas
Daniel Castro revela a política de "eugenia visual"
publicado
17/02/2016
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As vítimas: Christiane Pelajo, Renata Ceribelli e Ana Paula Campos
Saiu no Notícias da TV, de Daniel Castro:
Globo bane gordinhas e 'cheinhas' das bancadas do jornalismo
Discreta e silenciosamente, a Globo se livrou de todas as apresentadoras de telejornais acima do peso nos últimos anos. A primeira foi Mariana Godoy, do SP TV, transferida para a GloboNews em 2011. Depois, viraram repórteres Renata Ceribelli (Fantástico) e Ana Paula Campos (Globo Rural). A última foi Christiane Pelajo. Fora do Jornal da Globo desde outubro, ela estreia um novo telejornal na GloboNews no próximo dia 29. Na Globo, só sobraram magras. Gordinhas só na reportagem ou nas afiliadas.
Não foi mera coincidência. Antes de deixarem seus telejornais, as jornalistas receberam muitas cobranças por estarem acima do peso. Ana Paula Campos, por exemplo, recebeu três ultimatos pouco antes do fim do Globo Rural diário, em novembro de 2014. Ela virou repórter de um noticioso local, o Bom Dia São Paulo. A Globo nega que tenha deliberadamente afastado as "cheinhas" das bancadas. Diz que "essa suposição é ultrajante" e que "só pode ter origem no olhar preconceituoso e sexista do colunista" (leia nota no final deste texto).
Não é o que fala abertamente em seus corredores. Além do peso, cabelos mal cuidados também são motivo de advertências na emissora. Anteontem (15), a repórter Patrícia Taufer, de São Paulo, foi demitida apenas alguns dias após se recusar a pintar os cabelos, que estavam ficando brancos. O motivo alegado à profissional, no entanto, foi outro: o de que ela estava desmotivada.
Não existe uma regra escrita na Globo determinando que apresentadoras e repórteres devem ser magras, porque pessoas magras ficam melhor no vídeo, já que o vídeo deixa os profissionais maiores do que realmente são. Mas a pressão é forte. Os chefes do jornalismo abordam as jornalistas e dizem que elas têm de emagrecer. Além disso, as apresentadores passam por provas de roupas a cada 15 dias. Quem está acima do peso é "denunciada". As roupas chegam em tamanhos já predefinidos.
O oposto também ocorre. Quem está muito magra também recebe alertas de que precisa ganhar peso.
As apresentadoras até se esforçam para emagrecer ou ganhar peso, mas nem todas conseguem. Muitas reclamam que as rotinas de mães e jornalistas as impedem de fazer exercícios físicos. Outras apelam para cirurgias plásticas.
A obsessão por apresentadoras magras, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, é criticada nos bastidores. Além da preferência ao visual em detrimento do conteúdo, a "política" da emissora contradiz com seu esforço por um jornalismo menos engessado e mais identificado com o brasileiro _que está acima do peso, mostram as estatísticas.
Outro lado
Em nota, a Globo não nega que hoje só tenha apresentadoras de telejornais magras, mas refuta veementemente que isso tenha sido planejado:
"Essa suposição é ultrajante e, por esse motivo, totalmente repudiada pela direção de Jornalismo. As razões para a saída de Chris Pelajo do JG e sua ida para a GloboNews já foram, em vão, exaustivamente explicadas ao colunista. O mesmo aconteceu em relação a Mariana Godoy e a Ana Paula Campos. À Patricia Taufer, jamais foi solicitada pintura de cabelo. Constrangida, a TV Globo é obrigada, por justiça, a discordar da avaliação que o colunista faz delas. Tal avaliação só pode ter origem no olhar preconceituoso e sexista do colunista, com o qual a TV Globo jamais compactuará".
Não foi mera coincidência. Antes de deixarem seus telejornais, as jornalistas receberam muitas cobranças por estarem acima do peso. Ana Paula Campos, por exemplo, recebeu três ultimatos pouco antes do fim do Globo Rural diário, em novembro de 2014. Ela virou repórter de um noticioso local, o Bom Dia São Paulo. A Globo nega que tenha deliberadamente afastado as "cheinhas" das bancadas. Diz que "essa suposição é ultrajante" e que "só pode ter origem no olhar preconceituoso e sexista do colunista" (leia nota no final deste texto).
Não é o que fala abertamente em seus corredores. Além do peso, cabelos mal cuidados também são motivo de advertências na emissora. Anteontem (15), a repórter Patrícia Taufer, de São Paulo, foi demitida apenas alguns dias após se recusar a pintar os cabelos, que estavam ficando brancos. O motivo alegado à profissional, no entanto, foi outro: o de que ela estava desmotivada.
Não existe uma regra escrita na Globo determinando que apresentadoras e repórteres devem ser magras, porque pessoas magras ficam melhor no vídeo, já que o vídeo deixa os profissionais maiores do que realmente são. Mas a pressão é forte. Os chefes do jornalismo abordam as jornalistas e dizem que elas têm de emagrecer. Além disso, as apresentadores passam por provas de roupas a cada 15 dias. Quem está acima do peso é "denunciada". As roupas chegam em tamanhos já predefinidos.
O oposto também ocorre. Quem está muito magra também recebe alertas de que precisa ganhar peso.
As apresentadoras até se esforçam para emagrecer ou ganhar peso, mas nem todas conseguem. Muitas reclamam que as rotinas de mães e jornalistas as impedem de fazer exercícios físicos. Outras apelam para cirurgias plásticas.
A obsessão por apresentadoras magras, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, é criticada nos bastidores. Além da preferência ao visual em detrimento do conteúdo, a "política" da emissora contradiz com seu esforço por um jornalismo menos engessado e mais identificado com o brasileiro _que está acima do peso, mostram as estatísticas.
Outro lado
Em nota, a Globo não nega que hoje só tenha apresentadoras de telejornais magras, mas refuta veementemente que isso tenha sido planejado:
"Essa suposição é ultrajante e, por esse motivo, totalmente repudiada pela direção de Jornalismo. As razões para a saída de Chris Pelajo do JG e sua ida para a GloboNews já foram, em vão, exaustivamente explicadas ao colunista. O mesmo aconteceu em relação a Mariana Godoy e a Ana Paula Campos. À Patricia Taufer, jamais foi solicitada pintura de cabelo. Constrangida, a TV Globo é obrigada, por justiça, a discordar da avaliação que o colunista faz delas. Tal avaliação só pode ter origem no olhar preconceituoso e sexista do colunista, com o qual a TV Globo jamais compactuará".