Kamel deu 10' ao Lula. Vai pagar caro
O livro “O Quarto Poder” reproduz as principais instruções do Roberto Marinho ao seu diretor de jornalismo, Armando Nogueira.
A segunda instrução: “não quero preto nem desdentado” no jornal nacional.
(A única exceção era o Pelé.)
Terceira: se o Brizola se jogar na linha do trem para salvar uma criança, se a criança se salvar e o Brizola morrer, mesmo assim você tem que me consultar para saber se pode dar o nome do Brizola no jornal nacional.
(Até sexta-feira, essa ordem continuava em vigor. Bastava substituir “Brizola” por “Lula” e “Dilma”.)
E a primeira, síntese perversa e genial de como administrar um poder monopolista de mídia (nem William Hearst, imortalizado no “Citizen Kane” do Orson Welles foi capaz de dar uma ordem tão clara):
- O Globo é o que é não pelo que dá mas pelo que não dá!
(Ele não se referia “à Globo”, mas ao “Globo”, porque, para ele, a empresa era o Globo, o mundo inteiro, o sistema solar, a Terra, o jornal que ele herdou do pais quando tinha 21 anos.)
O Gilberto Freire com “i” é o mais poderoso Diretor de Jornalismo da Globo.
O ansioso blogueiro trabalhou com os outros três e sabe do que fala.
É o mais poderoso e o menos esperto.
Kamel desprezou essa regra elementar, cruel, do Dr Roberto e, na sexta-feira, no dia do sequestro do Lula, deu ao Lula 10' no jornal nacional.
Como diz um funcionário do Instituto Lula, foi o melhor horário eleitoral gratuito do PT, desde sua fundação.
Kamel pretendia decompor a jararaca em pedacinhos.
Entrecortava as falas de Lula com a intervenção do William Bonner, inútil e parcial.
Mas, o Kamel não conseguiu cortar a jararaca.
Ao contrário.
Deu-lhe vida.
Transformou-a no dragão da maldade.
Não se dá dez minutos ao Lula no jornal nacional, impunemente.
Nem a GloboNews deveria ter transmitido a íntegra da fala do Lula, depois do sequestro, na sede do PT em São Paulo.
Outro erro imperdoável.
Estivesse o Dr Roberto vivo, e cabeças já teriam rolado nesse fim de semana.
(Mas, sabe como é, os filhos não têm nome próprio, nem possuem um triplex em Paraty.)
O resultado desse erro fatal do “i” foi a pesquisa Vox Populi, que, arrasadoramente, enrolou o Moro nas tripas da Globo.
Uma pesquisa feita no Facebook, com a chancela de qualidade do Marcos Coimbra, que dá de 10 a zero nesses pesquisólogos do Datafalha e do Globope!
Com os dez minutos no jn e a íntegra na GloboNews – veja na pesquisa que muita gente tomou conhecimento do discurso empolgante, desafiador da jararaca – o “i” passa a desempenhar na campanha “Lula 2018” o papel que o Agripino Maia, esse Varão da Ética Tucana, desempenhou na primeira eleição da Dilma.
Deu à Dilma a possibilidade de faze-lo em farelo: quem serviu à ditadura foi o senhor, senador, porque eu mentia aos torturadores!
Triste sina a do Dr Roberto: ver o Armando Nogueira substituído pelo Agripino Maia!
Como diz o Conversa Afiada: o direito de herança destruiu o PiG!
Paulo Henrique Amorim