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Levy: a volta de quem não foi​

E o joguinho da Veja, que faz qualquer papel ... - PHA
publicado 17/10/2015
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:


Levy: a volta de quem não foi e o joguinho de quem quer ficar

O Ministro Joaquim Levy pratica um joguinho muito perigoso – e certamente deprimente sobre o juízo que se possa fazer dele – ao mandar trabalhar a  mídia para  dizer que “ameaça sair” do Governo, como fez hoje com a Veja, sob o argumento que Lula o critica e que há “falta de empenho do governo em aprovar a CPMF”.
 
Vera Magalhães, sucessora de Lauro Jardim no “Radar” diz que sabe até o conteúdo da valise de Levy, ao afirmar que ele entrou no gabinete presidencial com uma carta de demissão. Aliás, Vera sabe até o tom da carta que seria, segundo ela, “neutro e cordial”.
 
Mas, para completar aquela cena de “me segura que eu vou ter um troço”, já adianta que não se descartava  “a possibilidade de, após conversar com Dilma, o ministro permanecer no posto por mais algum tempo.”
 
Ou seja, vou dizer que vou, mas aceito ficar.
 
Uma hora e dez minutos depois, nova nota da “assessora de imprensa” informal de Levy, no Radar.
 
A carta, se é que existiu em algum lugar fora do site da Veja, nem foi mostrada a Dilma.
 
“Joaquim Levy  não entregou a Dilma Rousseff a carta de demissão que redigiu entre a noite de quinta e a manhã desta sexta-feira e discutiu com aliados”
 
Descobre-se também que a tal reunião dramática nem era um encontro, a sós, da Presidenta da República com o Ministro da Fazenda. Era um encontro da Junta Orçamentária do Governo, que reúne os Ministros da Fazenda, Casa Civil e assessores de ambos.
 
Não se imagina que Levy, claro, fosse apresentar um pedido de demissão em meio a uma “assembleia”.
 
Assim, a história toda fica com jeito de “magoei”, algo incompatível com a estatura de alguém que comanda uma área que exige, além da responsabilidade, um comportamento afirmativo, jamais dúbio.
 
A verdade é que quem mais trabalha contra a permanência de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda é o próprio Joaquim Levy.
 
O mergulho recessivo que deveria durar um semestre, foi estendido “sine die”. A inflação não cedeu, a arrecadação segue caindo por cota do declínio da atividade econômica e esta afunda porque se cortam desesperadamente gastos e investimento públicos sem qualquer sinal do que e quando será reanimado.
 
E não é por falta de apoio de Dilma, que entregou em suas mãos os seus compromissos de campanha e o comando – evidentemente não exclusivo, mas hegemônico – da política econômica. Aceitou, inclusive, a imagem negativa para que Levy posasse de “salvador da pátria”.
 
O doutor Joaquim pode ser boa pessoa, tem um currículo sólido, mas, francamente, não entregou o peixe que dizia ser capaz de pescar.
 
As “mãos de tesoura”, em lugar de podar para brotar, estão matando a planta. A única mensagem que transmite é a da crise duradoura.
 
A conjuntura internacional é difícil? É. Mas Lula enfrentou pior em 2009, com o crash mundial, por outra via, a da expansão do consumo.
 
Ah, mas a situação das contas internas é diferente… É, mas ainda assim é infinitamente melhor do que aquela que Lula recebeu de Fernando Henrique, com o país quebrado.
 
Joaquim Levy não pode dizer que o Governo “não se empenha” na aprovação da CPMF, como se isso fosse uma brincadeira de escolares.
 
O Governo tem dificuldades em conseguir votos até para não ser degolado pelo impeachment, que dirá conseguir votos para aprovar um aumento de impostos que, ainda que seja justo, quase sempre é impopular. Inclusive porque não tem, sequer, a sensibilidade de propor um limite razoável de imunidade, garantindo que os mais pobres não o paguem diretamente, embora vão pagá-lo indiretamente, com a incorporação do tributo nos preços.
 
Levy tem tido as condições possíveis para desempenhar sua função. O protesto, natural, dos Ministros que vêm sofrendo cortes enormes nos orçamentos de suas áreas, têm sido, praticamente, nenhum. Facilidade no Congresso o Governo não tem, nem para aprovar cortes antipáticos e nem mesmo, até, para decretar dia santo.
 
Ao seu baixo desempenho econômico, com certeza, o Doutor Joaquim poderia evitar somar  que revela com as notinhas que seus aliados plantam.
 
Lula ou qualquer um tem o direito de criticar sua política e cada vez mais gente a critica. É parte do exercício da política e ônus da função pública.
 
Cabe ao Dr. Joaquim mostrar, na prática, que Lula não tem razão.
 
E o que acontece, cada vez mais, é o contrário.
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radar usar.jpg por Conversa Afiada — última modificação 17/10/2015 09h03
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