Lula vai pra cima, ou fica ao lado do mercado?
A Globo e o Moro vão pagar caro
"Não é possível que nove famílias detenham os meios de comunicação e contem mentiras todo dia."
"Temos que discutir distribuição de riqueza, a de renda não basta".
Esses são trechos de uma reportagem de André Barrocal (excelente), como aqui e aqui, na Carta Capital dessa semana:
“A candidatura Lula não tem volta, vamos com ele até o fim”, diz Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência nos oito anos de governo do ex-metalúrgico. “Vamos continuar com as caravanas, montar comitês de defesa da candidatura pelo País e ver o que vai acontecer nesse país no ano que vem.”
Disposto a ir até o fim, o ex-presidente elege seus rivais eleitorais – ao menos, os de momento. “Dizem que o ‘mercado’ tá com medo do Lula: ‘Ah o ‘mercado’ tá com medo do Lula’. Primeiro que eu não vou pedir voto pro ‘mercado’. É bom que o ‘mercado’ vote contra mim mesmo”.
Foi o que disse em 29 de outubro, em Diamantina (MG). E arrematou: “Não é possível que nove famílias detenham os meios de comunicação desse país e contem mentira todo santo dia, não é possível (…) Eu inclusive estou pedindo a deus é que a Rede Globo tenha um candidato. Porque se tiver um candidato a gente vai colocar o logotipo da Globo na testa do candidato para derrotá-lo.”
Ao triunfar em 2002, o figurino era outro, mais contido, o “Lulinha paz e amor”. Tempos da “Carta ao Povo Brasileiro”, promessa de bom-mocismo ao “mercado”.
Será que a disposição de Lula para ir contra o “mercado” e a Globo seguirá firme até o fim?
Alguns interlocutores não têm dúvida quanto à emissora. Um deles conta que dias desses o ex-presidente comentou ter vontade de ir protestar na porta da Globo com a foto da falecida D. Marisa debaixo do braço. É grande sua mágoa com o canal, devido à cobertura de seus processos judiciais.
Já em relação ao “mercado”, não há a mesma convicção. Com bancos e banqueiros, conta um confidente lulista, não há espaço para conversas ou negociações, mas quem sabe com representantes de consultorias? “É da natureza sindical dele negociar, às vezes a gente precisa segurá-lo contra o ‘canto da sereia’ do mercado”, diz.
O líder do PT no Senado, Lindberg Farias, do Rio, não quer nem ouvir falar em conciliação com o “mercado”. “Conciliar o quê? Com quem? Conciliar com essa agenda neoliberal radical do sistema financeiro seria rendição. Tudo o que eles defendem é contra o trabalhador.”