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1,5 milhão de franceses tomam as ruas contra a reforma da Previdência

"Esse governo quer nos sugar tudo"
publicado 05/12/2019
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(Reprodução/France Insoumisse)

Via Opera Mundi - A greve geral contra a reforma da previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron levou cerca de 1,5 milhão de pessoas às ruas em mais de 70 cidades da França nesta quinta-feira (05/12), segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT) francesa. 

De acordo com a central sindical, manifestações foram registradas nas principais cidades do país como Marselha, Toulouse, Bordéus, Grenoble e Paris. Os sindicatos dos ferroviários, dos trabalhadores autônomos do transporte e do transporte aéreo afirmaram que continuarão em greve até a próxima segunda-feira (09/12). Além da paralisação, à qual aderiram categorias como policiais, advogados, aposentados, estudantes, professores, garis e trabalhadores do setor privado, ocorreram mais de 200 manifestações em todo o país.

À noite, o porta-voz do governo de Macron, Sibeth Ndiaye, afirmou que "a porta do governo está aberta" para que existam discussões a respeito do projeto de reforma na previdência. Segundo o funcionário do governo, Macron ainda possui "margens de negociação com os sindicatos".

Por sua vez, o líder do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon afirmou estar "muito otimista" após a jornada de mobilizações desta quinta-feira, a qual classificou como uma "grande batalha que acabou de começar".

Desde as primeiras horas do dia, os francesas começaram a se mobilizar para o dia de paralisações contra a reforma previdenciária de Macron. Cerca de 80% das linhas férreas pelo país tiveram suas atividades canceladas. Na capital, 11 das 14 linhas de metrô ficaram paralisadas e 78% das escolas não tiveram aulas.

Na capital, a polícia reprimiu uma marcha que seguia próximo à praça da República, no centro da cidade. Cerca de 6 mil policiais foram mobilizados na capital por conta das manifestações desta quinta. Segundo dados da prefeitura de Paris, até às 19h30 (14h30, no horário de Brasília) 90 pessoas haviam sido presas durante as manifestações na capital.

De acordo com a CGT, 45% dos trabalhadores do setor público aderiram à greve geral de hoje. Só na capital, a central sindical ainda afirma que marcharam 860 mil pessoas neste dia de paralisações.

'Estão nos tirando antigas conquistas'

Os protestos realizados neste quinta-feira contaram com trabalhadores de vários setores, estudantes, professores e também aposentados. À rádio RFI, a pensionista Chantal Vignot falou sobre sua insatisfação com o governo de Emmanuel Macron e disse que o governo está retirando "antigas conquistas".

"Começo a cansar de verdade desse governo, que está nos sugando tudo. E as pessoas que não tiveram aposentadorias como as nossas, os jovens, sofrerão bem mais do que nós. Acho que eles têm que seguir nessa lutar se quiserem obter alguma coisa", disse.

Por sua vez, Sandrine Berger, professora de engenharia na Universidade de Paris e representante da central sindical CGT disse ao jornal britânico The Guardian que a população não deixará o governo implementar a reforma proposta.

"[A greve] é sobre proteger os serviços públicos, que estão sendo rifados e direcionados para um modelo norte-americano de privatizações", afirmou.

A base projeto previdenciário de Macon é fornecer um "sistema universal de pontos" em troca dos 42 “regimes especiais” que já existem no país.

Entretanto, apesar de não alterar a idade mínima legal da aposentadoria, estabelecida atualmente em 62 anos para mulheres e homens, o projeto cria a noção de uma idade "ideal" de aposentadoria aos 64 anos, chamada de "idade pivô", que viria com um incentivo em dinheiro para quem continuar trabalhando até 64 anos, enquanto que aqueles que decidirem partir aos 62 anos receberiam uma pensão menor.

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