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Vermelho: Serra não tem pra onde ir. A última arma é a baixaria

Ascensão de Dilma estremece PSDB e fragiliza palanques de Serra.
publicado 25/06/2010
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Ascensão de Dilma estremece PSDB e fragiliza palanques de Serra

A vigorosa liderança de Dilma Rousseff (PT) na última pesquisa CNI/Ibope enfraqueceu ainda mais a já fragilizada costura de alianças de José Serra (PSDB). Um dia após o levantamento ter registrado vantagem de cinco pontos porcentuais para a petista — 40% a 35% —, tucanos também reclamaram de desorganização na campanha e de centralização das decisões nas mãos de Serra.
O presidente do PSDB-RJ, José Camilo Zito, já vislumbrou que o resultado da pesquisa vai dificultar ainda mais a campanha de Serra no estado. Decepcionados com Serra, prefeitos do partido já o avisaram de que vão pedir votos para Dilma — e o PSDB, estonteado, já culpa publicamente o governo federal.

“Isso já vinha ocorrendo porque o uso da máquina é muito forte. Em alguns municípios, mesmo administrados pelo PSDB, esse uso de máquina faz com que os prefeitos entrem para a campanha deles”, choramingou Zito — que também é prefeito de Duque de Caxias, principal cidade administrada pelo PSDB no Rio.

Santa Catarina é outro exemplo do colapso. Sob pressão do comando nacional, o PMDB local (até então fechado com PSDB e DEM) definirá seu futuro amanhã em uma convenção. No estado, parte do PMDB cogita lançar candidato próprio, desmontando o palanque de Serra. Na quarta-feira, o ex-governador e candidato ao Senado Luiz Henrique Silveira avisou Serra que levaria a disputa à convenção.

“Esse Sul está um horror”, disse o presidente do PSDB-SC, Beto Martins. Ele se referia também ao Paraná. Após flertar abertamente com o PSDB, Osmar Dias (PDT) não descarta concorrer ao governo do estado aliado ao PT. Prometeu anunciar sua decisão na quinta-feira, mas adiou para esta sexta.

O desempenho de Dilma também teve reflexo no PP. Aliado de Lula, o PP chegou a discutir a hipótese de aliança formal com o PSDB quando Serra liderava as pesquisas — mas, nesta semana, optou pela neutralidade. No dia 7 de julho, o partido vai anunciar apoio informal a Dilma.

“É melhor fazer desta forma para evitar ter que fazer intervenção em um ou outro estado”, disse o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ). Segundo o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), a maioria defendia a aliança formal com Dilma, mas Dornelles barrou a convocação da convenção.

Outros estados em alerta

Ainda nesta quinta-feira, a campanha de Serra tentava desatar nós em Sergipe — onde o DEM reclama da resistência do ex-governador Albano Franco a uma aliança — e no Pará — estado em que o ex-governador Simão Jatene tenta evitar a candidatura do DEM ao Senado. O tempo para evitar mais debandadas é escasso, já que a campanha começa oficialmente em dez dias.

Diante da indicação da pesquisa CNI/Ibope de que houve uma queda nas intenções de voto de Serra no Sudeste, um dos estrategistas da campanha, deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), diz que “é obvio” que o PSDB tem de estar atento. Segundo ele, é preciso procurar saber o que está de fato ocorrendo na região em que o partido é mais forte e tem o governo dos dois principais estados — São Paulo e Minas Gerais. “Se houve uma queda no nosso ponto forte, onde há um público mais identificado com nossa administração e somos bem avaliados, temos de analisar o porquê.”

A pesquisa CNI/Ibope abriu espaço para pelo menos um aliado do tucano no Rio Grande do Sul criticar o comando da campanha. “A fotografia do momento serve para uma reflexão: é preciso humildade e valorização dos bons parceiros”, afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM).

A frase reflete uma circunstância regional. Lorenzoni lamenta que o segundo palanque gaúcho, que DEM, PTB e PPS articulavam em torno do petebista Luís Augusto Lara, e oferecido ao PSDB ao longo de 40 dias, não tenha se viabilizado por falta de interesse dos tucanos. “Essa composição tinha grande poder de mobilização na região metropolitana de Porto Alegre, que concentra 4 milhões de votos, e na qual o PT é muito forte”, diz Lorenzoni.

“Dono” do palanque de Serra na Bahia, o candidato do DEM ao governo do estado, Paulo Souto, não quis comentar a pesquisa. Mas integrantes de sua campanha criticaram a concentração de exposição de Serra na mídia no período da Copa do Mundo. Já o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen advertiu que é preciso encerrar o período de montagem dos palanques estaduais e definição do vice para avaliar melhor as candidaturas. “Isso tudo toma tempo e deixa o candidato paralisado”, avaliou.

Ajustes

Nos bastidores, a cúpula tucana passou a defender ajustes na agenda e a necessidade de harmonizar o discurso. Na avaliação de um parlamentar tucano, é preciso parar de ter medo do candidato e aderir de fato à campanha. Segundo ele, a campanha não é de Serra, mas do PSDB — e o que está em jogo é o futuro da oposição.

Em outra linha de interpretação, Jutahy Júnior admitiu que o resultado da pesquisa foi “uma surpresa” e que todo levantamento em que o candidato aparece atrás gera estresse na campanha. Mesmo ressalvando que “a campanha só começa em 5 de julho”, o parlamentar diz que Dilma já está se tornando conhecida no Brasil inteiro como candidata do presidente.

Presidente do PSDB, coordenador da campanha de Serra e empregador de funcionários fantasmas, o senador Sérgio Guerra (PE) reconheceu que uma avaliação ampla deveria ser feita pelo partido. Ele viajou para São Paulo a fim de se reunir com Serra no início da noite de quinta. Entre os assuntos, além da pesquisa, estavam a finalização de palanques regionais e a escolha do vice na chapa. “É preciso que sejam feitas avaliações”, avisou.

Lideranças tucanas chegaram a advertir sobre a necessidade do que chamaram de “ajuste fino” no marketing e na comunicação da campanha. Soa cada vez mais frágil a alegação de que o volume de propaganda do governo foi maior se comparado ao programa partidário. O fato é que, ao longo de junho, Serra apostou na propaganda ilegal e foi amplamente exposto nos programas eleitorais que PSDB, PTB e PPS veicularam na TV. “Nosso discurso não é fácil”, conclui, em tom de lamúria, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Da Redação, com agências

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