Dilma tem que conquistar o “voto religioso”
Os colonistas (*) da Globo se excitaram demais com a vitória que significou levar a eleição para o segundo turno.
Devagar com o andor.
O PiG (**) e seus colonistas (*) não levaram a eleição para o segundo turno.
Não foi a Lunus 2010 e a ação conjunta de denúncias, que começaram com a quebra de sigilo do Eduardo Jorge e terminaram com a Erenice.
A Dilma parou de subir e a Marina começou a subir com a questão religiosa.
O aborto.
O ateismo.
A luta política clandestina.
A Bláblárina Silva capitalizou tudo isso, e enrolou numa bandeira “verde”, capitalista.
A Traíra in natura – embora tenha perdido a eleição no Acre.
Ela não ganhou voto porque seja verde, cripto-capitalista ou porque seja da Natura.
E, sim, porque encarnou a “religiosidade”, a evangélica pura, imaculada.
Aquela que não acredita em Darwin.
Esse é o desafio da Dilma.
O Serra não herda isso automaticamente.
O Serra é tão religioso quanto democrata.
Não é Fernando Henrique quem diz que o Serra tem um “demoniozinho” dentro do peito ?
O Ricardo Guedes, da Sensus, me disse neste domingo à tarde que só um fator tirava a vitória da Dilma no primeiro turno.
A “questão religiosa”.
Esse é um voto silencioso, subterrâneo, confessional, que pesquisa de opinião pública não capta.
Fica todo mundo preocupado com a economia, com a reação política à economia e se esquece da “questão religiosa”, quando ela se associa à discussão de valores morais.
Quem melhor pode explicar como isso funciona, hoje, no Brasil, é a deputada federal eleita pelo Rio, Jandira Feghali.
Ela estava praticamente eleita Senadora e, na véspera da eleição, as igrejas do Rio foram invadidas de panfletos que a acusavam de defender o aborto.
Guedes lembrou o que aconteceu na primeira eleição do Bush.
Esqueça a Florida, diz o Guedes, onde houve fraude.
Em muitos outros pontos do país, sem que os institutos de opinião captassem, o eleitor foi para o Bush com medo do casamento gay.
Ao lado de tudo isso, deve haver, também, uma inclinação mais acentuada do voto feminino, da mulher religiosa, que zela e inspira a família.
A Dilma vai ter que levar os líderes religiosos para o palanque.
Explicar de novo o que pensa do aborto.
O Lula tem que relembrar que sempre foi católico devotado.
Falar da D Lindu.
Levar o José de Alencar para o programa eleitoral.
A Bláblárina e seus 19% aplicaram à política brasileira dose cavalar de um fenômeno insólito: a religião.
O bolso não foi a parte mais sensível do corpo do eleitor, no primeiro turno.
Como previu o Conversa Afiada, pode ser pela sacristia que o eleitor de Classe C, que o Lula fortaleceu, comece a votar no Berlusconi.
De novo, por não existir uma Ley de Medios, e, por isso, como não há debate sobre políticas públicas, foi possível enfiar a questão do aborto por debaixo da porta da campanha.
Não vai ser o Serra que vai conquistar esse voto.
Ele vai levar o voto neoliberal da Marina.
Do neoliberal que, no primeiro turno, votou na Marina, porque teve vergonha de votar no Serra.
O “voto religioso” deve ser da Dilma.
De novo, o Lula vai explicar isso a quem votou – por equívoco – na Marina.
Ele faz isso melhor do que ninguém.
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: a leitura matinal do PiG (**) me obriga a enfatizar que o PiG (**) não levou a eleição para o segundo turno. Os 19% da Bláblárina não leem o PiG (**), não assistem à GloboNews nem distinguem a urubóloga de uma assombração. Deve ser um eleitor (especialmente eleitora) despolitizado, que, sinceramente, acreditava que a senhora do jatinho de US$ 50 milhões chegaria à Presidência. O PiG (**) pode espinafrar a Dilma, celebrar Onan e pensar que ressuscitou: mas, a eleição é outra. - PHA
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.