Mantega fica para aprofundar austeridade
Claudia Safatle, na pág. A2 do Valor de hoje, expõe o programa de trabalho da presidente Dilma Rousseff, com Guido Mantega na Fazenda.
É um programa severo, como a presidente.
Enquanto o candidato do antiaborto, José Serra, dizia que ia cortar os juros “por indução”, Dilma fará, agora, com Mantega, o que tinha prometido: cortar os juros com corte de gastos.
Diz a Safatle.
Mantega terá que reduzir a dívida interna líquida para 30% do PIB até 2014.
Hoje, ela está em 41%.
Com esse aperto, ela conseguirá chegar ao fim do mandato com juros reais de 2%.
E assim, segundo Delfim Netto, tomará a melhor decisão para combater a valorização do Real: reduzir os juros.
Ou seja, a política da “indução” parece ficar restrita aos métodos do Felipão no Palmeiras.
Outro ponto que a Safatle menciona: o Governo Dilma vai passar a usar o critério do déficit “nominal” para as contas públicas, o que significa aprofundar ainda mais a austeridade.
O conceito atual – “operacional” – menospreza os juros que o Tesouro paga pela divida publica.
O déficit nominal, hoje, é de 2,36%.
E Mantega, segundo Safatle, acredita que pode zerar esse déficit antes de 2014.
Já no ano que vem, Dilma poderá anunciar que o centro da meta da inflação cairá de 4,5% para 4%.
Outro sinal de aprofundamento da austeridade.
Ou seja, o Henrique Meirelles não é hoje o que o Armínio Fraga foi em 2002.
O guardião da austeridade.
O Brasil pode viver sem o Meirelles, como viveu sem o Fraga.
(Como dispensou a “austeridade” do Palocci...)
A nova etapa da crise – o vazamento de US$ 600 bilhões – exige olhar para o varejo (IOF, quarentena) e para o atacado.
O atacado é o déficit e a queda de juros.
O resto é “indução”.
Em tempo: diz o Globo na primeira página que o Henrique Meirelles só fica se tiver autonomia. É uma trapaça do Globo. Se o Meirelles fica – o que seria desaconselhável -, a Dilma é fraca. Se o Meirelles sai, fraco é o substituto dele. São as artimanhas do Golpe.
Paulo Henrique Amorim