Cerra, Aécio e o traíra. Uma fábula romana
Liga Tirésias, o profeta que lê o significado das nuvens sobre os morros de Minas.
- Você conhece o Embaixador Andrea Matarazzo, não é isso ?
- Sim, respondo. Aquele que ilustrou a Embaixada do Brasil em Roma como só Hugo Gouthier soube fazer.
- Bom, acho que você exagera um pouco. Mas, você sabia que o Embaixador Matarazzo reúne a melhor aristocracia tucana em sua mansão no Morumbi, todo domingo ?
- Sei. É uma mansão que só se compara ao Palácio Doria Pamphili, que modestamente abriga a Embaixada do Brasil em Roma.
- Percebo que o amigo exagera, de novo.
- É uma forma de ganhar a vida, respondo.
- Vamos ao que interessa. Num desses almoços de domingo, o teu amigo Serra foi lá.
- Que perigo ! Com aquele mau humor deve ter estragado o almoço.
- O Serra assumiu a palavra e desancou o Aécio.
- É mesmo ?, pergunto entre atônito e perplexo, diria o Mino Carta.
- Isso mesmo. Chegou a dizer que perdeu a eleição porque o Aécio traiu ele.
- Chamou o Aécio de traíra ?, pergunto, incrédulo.
- Exatamente. Traíra.
- Bem, aí temos que fazer uma ponderação.
- Qual ?, pergunta o Tirésias.
- O Aécio deve ser mesmo um traíra, digo com um ar assim, digamos, circunspecto. Se há uma coisa de que o Serra entende é de trairagem.
- Você acha ?, pergunta Tirésias, agora, ele, perplexo.
- Pergunta ao Alckmin.
Pano rápido.
Paulo Henrique Amorim