Código florestal: Governo tem medo da Marina
O programa Entrevista Record que vai ao ar hoje, às 21h15, na RecordNews, exibe uma entrevista com o deputado Aldo Rebelo, do PC do B, de São Paulo, relator do projeto de reforma do Código Florestal.
Rebelo estabelece uma relação entre “criar obstáculos” à produção agrícola do Brasil e beneficiar os concorrentes do Brasil no mercado internacional.
Rebelo é da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e viu lá, nas decisões da Organização Mundial do Comércio, como a “proteção ao meio ambiente” é um biombo de barreira alfandegária.
Na Holanda, sede do Greenpeace, não há “reserva legal” nem proteção às margens dos rios.
O produtor de soja brasileiro na Amazônia só pode produzir em 20% de sua propriedade.
No cerrado, em 30%.
O produtor de soja americano pode produzir em 100% de sua propriedade.
Rebelo quis isentar o pequeno proprietário rural – dono de até 4 módulos fiscais - de ter que recuperar a vegetação nativa que tiver derrubado até julho de 2008.
O módulo fiscal varia de município para município e é de 300 hectares na Amazônia, e de 70 em São Paulo.
Trata-se de 4 milhões e 300 mil proprietários rurais no Brasil, de um total de 5 milhões e 200 mil.
É gente que produz para si, a família, e um pequeno núcleo na comunidade.
Tentar fazer com que recomponham a mata nativa, em muitos casos, será condená-los à fome.
São proprietários que, no Brasil, na média, têm uma renda mensal entre um e dois salários mínimos.
Porém, o Governo preferiu que Rebelo retirasse esse ponto do relatório que começa a ser discutido hoje, e amanhã deve ser votado na Câmara.
Para Rebelo, com isso o Governo revela total desconhecimento da realidade do campo.
O que deve significar, segundo Rebelo, uma derrota expressiva do Governo.
Segundo Rebelo, a grande maioria vai aprovar o relatório dele.
E no item que for votado em separado - essa isenção de recomposição da mata nativa para o pequeno proprietário - o Governo deve perder feio.
O Governo da Presidenta Dilma vai perder feio – e votar contra a maioria, a maioria dos pequenos.
Por que o Governo da Presidenta Dilma reagiu assim, ao relatório Rebelo ?
As considerações que se seguem são de autoria deste ansioso blogueiro.
Rebelo não tem nada a ver com elas.
Este ansioso blogueiro não tem duvida de que o fantasma da Blá-blá Marina estava atrás da porta do ministro Tony Palocci, enquanto ele negociava com Rebelo.
Além, é claro, da natural inclinação do Tony por posições que coincidam com as do concorrente brasileiro.
(Ou não foi ele quem, no WikiLeaks, se ofereceu para defender a ALCA, do presidente Bush, em aberto desrespeito à posição do chefe, o Presidente Lula, e do excelente chanceler, Celso Amorim?)
O Governo da Presidenta Dilma deve ter preferido fazer uma reverência à classe média “verde”, aquela que se mobilizou com a Blá-blá Marina e, depois, em parte, como Padim Pade Cerra, que subiu ao altar de manto de linho verde.
O veto ao perdão aos pequenos só se explica com a Marina.
E impedir que a assim chamada “classe média” do James Cameron chame a Presidenta Dilma de “devastadora”.
Só pode ser isso.
É onde o interesse não-nacional se encontra com a conservação da natureza – da Holanda.
Paulo Henrique Amorim