Governo cria na Argentina um Globope próprio. Essa Cristina ...
Saiu no Valor, primeira página:
“Governo cria o seu ‘Ibope’ na Argentina”.
“Fundado em 1942, o Ibope enfrenta uma situação inusitada.”
“O Governo argentino decidiu não só atacá-lo publicamente, levantando dúvidas sobre a veracidade de suas medições de audiência – em especial do canal público –, mas também criar um sistema estatal para saber o que as pessoas estão assistindo na TV.”
“O novo índice estará a cargo da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual, que acusa o Ibope de práticas monopolistas.”
“Um conselho de universidades federais supervisionará a implantação do índice.”
O presidente da TV pública, Tristan Bauer, informou à Comissão Nacional de Defesa da Concorrência que uma medição alternativa deu à TV pública, no horário nobre, uma audiência três vezes maior do que a do Ibope.
“O pior dano causado por uma medição inadequada é a ausência de riscos criativos, pelo temor de que um programa não seja viável. Isso alimenta um fenômeno mundial: a TV ficou muito repetitiva. E afeta principalmente a televisão aberta, que se financia pela publicidade.”
É o que diz Gustavo Bulla, diretor da instituição que passará a medir a audiência na Argentina, além do Globope.
Na Globo se dizia que, se dependesse do Roberto Marinho, ele interrompia o movimento de rotação e translação da Terra.
Ele queria que tudo ficasse como estava.
Para isso, a Globo conta até hoje com armas quase indestrutíveis.
Primeiro, o Globope.
A Globo é a maior cliente do Ibope.
Segundo, o BV – a bonificação por volume.
Quanto mais a agência – a agência e, não, o anunciante – anunciar na Globo, mais bônus ela recebe.
(O CADE poderia entrar nesse assunto com um apetite um pouco maior do que ele demonstrou na questão do Clube dos 13.)
Cria-se, assim, um círculo globalmente vicioso.
O Globope diz que a Globo é (ou era) campeã de audiência, o mercado diz ao anunciante que isso é verdade, o anunciante manda anunciar na Globo e a agência ganha bônus.
Se a audiência da Globo for menor do que o Globope diz, quem paga a diferença ao anunciante ?
Se a Globo disser que a audiência dela é 50% e for de 35% ?
Para onde vai a diferença de 15 pontos ?
Ela cobra como se fosse uma audiência de 50% e entrega 35%.
Para onde vai a diferença ?
E o Governo Federal ?
Com a soma de todas as instituições do Governo Federal – o que inclui empresas estatais como o Banco do Brasil e a Petrobrás – o Governo Federal é o maior anunciante do Brasil.
Será que a presidenta Dilma recebe de volta a audiência que a Globo vende para ela ?
Será que a TV Brasil tem uma audiência maior do que o Globope registra ?
Será que a presidenta Dilma não gostaria de estimular uma diversidade maior na televisão, para fugir do Casal 45, por exemplo – onde, como diz o amigo navegante Yacov, “o Brasil não aparece”.
Hoje, o Globope faz o anunciante anunciar sempre na mesma coisa.
Será que a Presidenta se esqueceu de como o casal 45 a tratou na campanha ?
Será que ela se esqueceu que o Bonner pediu perdão ao Cerra para avisar que o tempo estava esgotado ?
(Este ansioso blogueiro chegou a dizer no twitter: “O ACM dizia que se o jornal antinacional não deu não aconteceu. Hoje, se o jornal antinacional deu não aconteceu.”)
A Argentina botou os presidentes do regime militar terrorista e torturador na cadeia.
A Argentina deu o calote na divida externa e cresce fulgurantemente.
A Argentina fez uma Ley de Medios e mandou a Globo (Clarin) queixar-se ao Papa.
A Argentina cria o seu próprio Globope.
Essa Cristina ...
Paulo Henrique Amorim