O metrô de São Paulo acabou. Outra obra-prima tucana
A Bete chegou na estação de Pirituba às 7h30 da manhã desta sexta-feira.
Descobriu que tinha um trem quebrado na linha.
Esperou.
Esperou.
E desistiu.
Pegou um ônibus e chegou à nossa casa às 10h05 da manhã.
Ontem, a filha da Janete, de 13 anos, chegou à estação da Vila Madalena às 17h.
Chegou em casa às 19h30.
A Janete também trabalha lá em casa.
A Dora, secretária do Conversa Afiada, chegou à estação da Saúde às 7h50 da manhã desta sexta-feira.
Ela nunca pega o primeiro ou o segundo trem.
Geralmente é o terceiro.
Ela vai até a estação da Sé e, aí, segundo ela, "o bicho pega".
A multidão na Sé chega a se encostar na parede.
Hoje, ela pegou o terceiro trem e chegou ao trabalho às 9h10, não sem antes presenciar uma briga dentro do vagão em que estava.
O João, editor do Conversa Afiada, faz duas baldeações e passa por três linhas para chegar ao CAf.
Pega na estação da linha verde Tamanduateí, onde os trens andam em velocidade reduzidíssima por causa dos problemas técnicos recorrentes.
O João desce na estação Ana Rosa, onde se localiza o "inferno", já que ali se realizam muitas baldeações, a locomoção é dificílima e a escada é pequena para tanta gente.
O João vai até Sé e nunca entra no primeiro vagão.
E passa pelos mesmos problemas da Dora.
Na média, o João leva 1h20 para vir de casa, na Vila Prudente, até o Conversa Afiada, na Santa Cecília.
Esses tucanos de São Paulo estão a brincar com fogo.
Será que eles já ouviram falar em Caracazo ?
Clique aqui para ler "SP e o trem-bala: é a vanguarda do atraso".
Paulo Henrique Amorim