Itamar e FHC: FHC não escolheu o sucessor. Eles se odiavam
Como se sabe, Itamar e Fernando Henrique se odiavam.
Itamar jamais perdoou FHC por se apropriar do Plano Real (“na imprensa de São Paulo” e na Globo – poderia ter adicionado).
Fernando Henrique menosprezava Itamar.
Sobretudo do ponto de vista intelectual.
O Farol de Alexandria precisava se desincompatibilizar do Ministério da Fazenda de Itamar para ser candidato a Presidente (escolhido por Itamar, à falta de alternativa).
O Plano Real ainda não existia.
Era uma hipótese.
Um rascunho do Governo do Presidente Itamar.
O Farol precisava (como precisou em toda a Presidência) do aval do FMI ao projeto que ainda não existia.
O Farol tinha ficado dez meses e dez dias no Ministério e não tinha feito nada que demonstrasse capacidade de domar a inflação.
Na verdade, o que fez o FHC no Ministério da Fazenda, amigo navegante ?
Àquela altura, ele também era um projeto de candidato.
Viajou para Nova York como ministro.
Pegou em La Guardia a ponte aérea para Washington.
Este ansioso blogueiro era correspondente da Globo em Nova York, tinha que cobrir o memorável encontro no FMI, e aboletou-se ao lado do Ministro da Fazenda-candidato.
Deu-se um daqueles engarrafamentos na pista do aeroporto e o ansioso blogueiro ouviu inconfidências do candidato.
A primeira observação do candidato: a posse no dia primeiro de janeiro é uma chateação.
Que chefe de Estado estrangeiro pode sair correndo do Reveillon para assistir a uma posse no dia primeiro de janeiro ?
Quem vai ficar no seu lugar, quando o senhor sair do Ministério ?
O Clovis Carvalho.
O Itamar vai espernear, mas tem que ser o Clovis Carvalho.
Como se sabe, Clovis Carvalho é um anônimo tucano de São Paulo que sempre trabalhou com o Farol, até que o Farol o demitisse do Ministério da Indústria.
Insisti: mas o Clovis Carvalho ?
Tinha que ser uma pessoa da confiança dele, FHC.
E, aí, o Farol enumerou todas as deficiências (intelectuais) do Presidente que o indicara para sucedê-lo.
Quem sucedeu FHC no Ministério, como se sabe, foi Rubens Ricupero, que caiu num estúdio da Rede Globo.
Os brasileiros devem a consolidação do Plano Real ao Itamar e ao sucessor de Ricupero, Ciro Gomes, aquele que conhece a alma do Padim Pade Cerra.
(E do Fernando Henrique.)
O FMI de Michel Camdessus não avalizou o que não havia para avalizar.
Camdessus distribuiu uma nota de “boa sorte” que, no Brasil, correspondeu a um apoio irrestrito ao candidato.
Paulo Henrique Amorim