Palocci é o maior aliado dos verdentreguistas
Lembra, amigo navegante, daquele passarinho lá de Brasília que pousou na janela do meu hotel e contou que o Nelson Johnbim quer ser o Armando Falcão e o Palocci pensa que é o Golbery ?
Lembra ?
Pois é.
O passarinho fez um vôo trans-estadual e pousou na janela da minha casa, aqui em São Paulo.
Sabe o que ele me contou ?
Que, quando estourou o escândalo do Palocci (bastava ele contar quem são os fregueses e que serviços lhes vendeu) e ficou evidente que o Palocci tinha as pernas quebradas, sabe, amigo navegante, quem ficou mais consternado ?
O pessoal do verdentreguismo.
Ficaram desolados.
Tristes, cabisbaixos, como se a Blá-blárina tivesse perdido o xale.
Por que, amigo navegante ?
Porque o Tony Palocci é o maior aliado dos verdentreguistas na luta pelo Código Florestal.
O amigo navegante há de se lembrar que o Tony se ofereceu ao embaixador americano para aprovar a ALCA, contra a política do Presidente Lula e de seu grande chanceler Celso Amorim.
Pois, não é que o Palocci dizia aos verdentreguistas que eles tinham razão ?
Que a pressão que vinha do estrangeiro era muito forte !
O exterior !
O estrangeiro !, bradava ele, com aquela pronúncia clara e escorreita.
O Palocci morria de medo daquelas faixas do Greenpeace, da WWF, essas organizações tão brasileiras quanto as seringueiras do Acre.
O Brasil não aguenta essa pressão que vem do exterior !
O Governo não resiste a uma faixa daquelas do Greenpeace – Dilma é desmatadora !
O exterior é muito poderoso !
E os verdentreguistas concordavam entusiasmados !
Um aliado de peso !
O Código tem que ser verdentreguista: o Brasil não pode plantar soja, cana, milho, nem criar um porquinho na beira do rio.
O Brasil se torna uma gigantesca floresta e compra comida dos americanos !
Sim, bradavam os verdentreguistas ameaçadores !
Portanto, concluiu o passarinho, temos aí outro traço da personalidade deste grande empresário do setor imobiliário: o Tony se nutre daquele sentimento provincial, colonial do complexo de inferioridade.
Logo ele, sentado ali, na naquela gigantesca cadeira da Casa Civil.
Logo ali !
Ele é de um tipo muito encontradiço em São Paulo, onde a elite é monumentalmente provinciana, colonizada.
Mora nos trópicos e pensa que vive em Milão.
O novo-rico Antonio Palocci Filho entra como uma luva na elite de São Paulo: prostrar-se diante do “estrangeiro” humilde e solícito.
Se fosse possível conhecer a lista dos seus fregueses, provavelmente se confirmaria que Tony com eles se identifica no patrimônio e na alma.
Paulo Henrique Amorim